Indicação de Jorge Messias testa limites do Senado, aciona resistências silenciosas e expõe o recado de Lula: no STF, a caneta é dele e o placar dirá o resto
A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal estreou com o sinal amarelo aceso no Senado. Há resistências espalhadas pelas bancadas, e algumas nada discretas. O senador Alcolumbre (PSL-AP), por exemplo, não fez questão de esconder o descontentamento com a escolha. Ele queria Rodrigo Pacheco.
O clima ficou ainda mais sensível quando se lembrou do placar de Paulo Gonet para a PGR: venceu por apenas quatro votos, uma margem que acendeu alertas no Planalto. A leitura geral é que o Senado continua aprovando as indicações presidenciais, mas já não entrega mais vitórias confortáveis.
Mesmo assim, ninguém em Brasília aposta seriamente num veto ao nome de Messias. Seria um terremoto institucional — e o Senado sabe medir o custo político de cruzar essa linha.
Visita do beija mão
A estratégia, portanto, será o corpo a corpo. Jorge Messias deve visitar todos os gabinetes, num roteiro que mistura gentileza, argumentação técnica e política de aproximação. O estilo é discreto, mas eficaz.
Inesperado
Um movimento curioso chamou atenção: André Mendonça, ministro do STF indicado por Bolsonaro, antecipou publicamente seu apoio ao nome de Jorge Messias. Não é apenas um gesto institucional, é um aceno. Uma forma de dizer que, na liturgia do Supremo, as diferenças ficam do lado de fora.
Irredutível
Lula, por sua vez, mantém o recado subjetivo nos bastidores: a indicação é dele; a aprovação é do Senado; mas a caneta não é compartilhada.
A disputa, agora, é menos sobre “se” Messias será aprovado, e mais sobre qual será o tamanho da vitória e o que esse placar dirá sobre o equilíbrio de forças em Brasília.
Sem vida fácil
Enquanto isso o presidente Alcolumbre anuncia votação de aposentadoria especial de agentes de saúde que terá impacto fiscal é bilionário, algo na casa dos R$ 10 bilhões.
Roberto Gutierrez é jornalista. Na comunicação desde outubro de 1976, passou por todas as mídias e há quase três décadas é editorialista e analista político.
Por Roberto Gutierrez
