Nomes de Joaquim e Ana não aparecem nos 66 livros sagrados, mas atravessaram séculos de tradição; saiba o que é fato e o que é história sobre a família de Cristo.
SÃO PAULO (SP) — Uma das dúvidas mais frequentes nas ferramentas de busca e em rodas de conversa cristã gira em torno de duas figuras centrais na genealogia terrena de Cristo, mas que parecem ter sido “esquecidas” pelos evangelistas: os avós maternos de Jesus.
Enquanto a Bíblia detalha a linhagem de José e o nascimento milagroso do Messias, os pais de Maria permanecem em um misterioso anonimato nas Escrituras Canônicas.
Embora Mateus e Lucas dediquem capítulos inteiros para provar a descendência real de Jesus vinda de Davi, nenhum versículo do Novo Testamento cita nominalmente o pai e a mãe da virgem Maria. Esse silêncio bíblico, no entanto, não impediu que a história preservasse a identidade do casal.
Leia: 7 coisas que a Bíblia cita e que muitos cristãos ainda fazem sem perceber
O rastro na história
Segundo documentos históricos do século II, conhecidos como escritos apócrifos (textos que narram fatos bíblicos mas não foram incluídos no cânon sagrado inspirados), os avós de Jesus chamavam-se Joaquim e Ana. A principal fonte dessa informação é o chamado Protoevangelho de Tiago, datado de aproximadamente 150 d.C.
O texto antigo descreve Joaquim como um homem rico e piedoso, que frequentemente fazia doações ao templo em Jerusalém. A narrativa conta que ele e Ana enfrentaram a vergonha da esterilidade por anos — um estigma pesado na cultura judaica da época — até que, após muitas orações e jejum, um anjo teria anunciado o nascimento de Maria.
Mesmo não estando na Bíblia Protestante, essa tradição é tão forte que atravessou milênios e é aceita como fato histórico por historiadores e pela Igreja Católica, que celebra o dia dos avós em homenagem ao casal.
Por que a Bíblia se calou?
Para teólogos e estudiosos das Escrituras, a ausência dos nomes de Joaquim e Ana na Bíblia não é um erro, mas um foco narrativo. O objetivo dos evangelhos é apresentar Jesus Cristo como o Filho de Deus e Salvador.
Na cultura judaica do primeiro século, as genealogias eram predominantemente patriarcais (focadas nos homens). Como José era o pai legal de Jesus perante a sociedade, sua linhagem era a que validava a posição de Cristo como herdeiro do trono de Davi. O “silêncio” sobre a família de Maria serve, teologicamente, para não desviar o foco da divindade de Jesus.
Apesar de “sumidos” das páginas sagradas, a existência dos pais de Maria foi fundamental para a narrativa da salvação, criando e educando a mulher que, anos mais tarde, responderia ao anjo Gabriel com a frase que mudou a história: “Cumpra-se em mim a tua palavra”.
Erros ou sugestões? contato@ofuxicogospel.com.br.
Por Izael Nascimento
da redação FM
Postar um comentário