bloco das maiores economias deve aprovar texto sobre minerais críticos que privilegia o processamento nas nações extratoras, um avanço para o Sul Global na Cúpula de Líderes do G20 que ocorre neste fim de semana na África do Sul.
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O G20, grupo das maiores economias do mundo, está prestes a publicar um texto inédito sobre minerais críticos que visa reforçar o beneficiamento desses recursos nos países onde são extraídos. Essa medida é vista como um marco significativo para países em desenvolvimento, buscando agregar valor à sua produção. A informação foi divulgada pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Philip Fox-Drummond Gough, durante coletiva de imprensa em Brasília.
O embaixador Gough, que participa das negociações em Joanesburgo, África do Sul, explicou que a questão dos minerais críticos é uma prioridade da presidência sul-africana do bloco neste ano. Segundo ele, o documento em negociação estabelece princípios para a extração e o beneficiamento, com um dos pontos mais importantes privilegiando o processamento na origem.
Minerais como lítio, cobalto, níquel e terras raras são essenciais para setores estratégicos, incluindo tecnologia, defesa e a transição energética, sendo vitais para baterias de veículos elétricos e painéis solares. O Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), possui cerca de 10% das reservas mundiais desses elementos.
Cúpula de Líderes e Outros Debates
A Cúpula de Líderes do G20 ocorrerá em Joanesburgo, nos próximos dias 22 e 23 de novembro, e contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O principal resultado do encontro é a Declaração de Líderes, cujo texto está sendo negociado pelos embaixadores.
A despeito da oposição de alguns países devido à ausência dos Estados Unidos, o embaixador Philip Fox-Drummond Gough confirmou que a presidência da África do Sul e o Brasil apoiam firmemente a publicação de uma declaração. Entre os temas em discussão está a taxação dos super-ricos, defendida pela presidência brasileira no ano passado, que deve ser incluída no documento final e será tratada em um evento paralelo sobre desigualdades.
Na área financeira, a declaração abordará temas como a sustentabilidade da dívida pública e o fomento a investimentos. O G20, criado em 1999, evoluiu de um fórum de ministros e banqueiros centrais para um encontro de chefes de Estado e de governo, sendo o principal órgão de cooperação econômica internacional.
Agenda do Presidente Lula na África
O presidente Lula desembarca em Joanesburgo na sexta-feira (21) e, após as sessões do G20, participa de uma reunião do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), iniciativa trilateral de cooperação entre países do Sul Global desenvolvida em 2003.
Na sequência, o presidente segue para Maputo, capital de Moçambique, para uma visita de trabalho em celebração aos 50 anos das relações diplomáticas. O secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Sérgio Sobral Duarte, destacou que a retomada da relação com nações africanas é uma prioridade da política externa brasileira.
Moçambique é o maior beneficiário da cooperação brasileira na África, com projetos diversificados em saúde, agricultura e educação. A viagem visa revisitar cooperações e ampliar o comércio e investimentos. Um fórum empresarial com a presença de cerca de 150 a 200 empresários brasileiros e moçambicanos será realizado. O intercâmbio comercial bilateral foi de US$ 40,5 milhões em 2024.
Em Maputo, no dia 24, Lula se reunirá com o presidente Daniel Chapo e participará do encerramento do fórum empresarial.
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - 20
da redação FM