Ex-presidente começa a ser julgado por tentativa de golpe nesta terça-feira (2). Trump usou o caso como justificativa para tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros
Porto Velho, Rondônia – O governo federal avalia a possibilidade de enfrentar uma nova rodada de sanções dos Estados Unidos em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começa nesta terça-feira (2), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O processo envolve o núcleo central acusado de tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações que visavam mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Pressão externa
A situação do ex-presidente já foi mencionada pelo presidente norte-americano Donald Trump como um dos fatores que motivaram a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto. Trump chegou a exigir o encerramento dos processos contra Bolsonaro, o que, segundo integrantes do governo Lula, coloca a relação bilateral em uma “fase crítica”.
Diplomatas em Brasília acreditam que uma eventual condenação poderá resultar em novas sanções econômicas e até mesmo em medidas direcionadas contra ministros do STF.
Reciprocidade em estudo
O Palácio do Planalto iniciou os procedimentos da chamada Lei de Reciprocidade, que permite a adoção de contramedidas contra países que imponham restrições ao Brasil. Segundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a preparação não está diretamente ligada ao julgamento, mas pode servir de instrumento de reação caso as sanções avancem.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o processo deve fortalecer as negociações:
“Espero que ajude a acelerar o diálogo e a negociação”, declarou.
No entanto, fontes do governo indicam que, no curto prazo, não há intenção de retaliar os EUA com tarifas ou barreiras comerciais, já que a medida poderia prejudicar o setor produtivo brasileiro.
Possíveis medidas
Entre as hipóteses estudadas, caso novas sanções sejam aplicadas, estão ações políticas de impacto internacional, como a quebra de patentes de medicamentos e a tributação de serviços digitais, incluindo plataformas de streaming.
da redação FM