Estudo com RNA mensageiro mostrou que tratamento pode atacar diferentes tipos de tumores
Pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma vacina experimental contra o câncer que pode funcionar para vários tipos da doença ao mesmo tempo. O segredo está na mesma tecnologia usada nas vacinas da Covid-19 — o famoso RNA mensageiro (mRNA).
O estudo, divulgado na última semana em uma das principais revistas científicas da área (Nature Biomedical Engineering), mostrou resultados animadores em testes com camundongos. Quando combinada com um tipo de imunoterapia, a vacina conseguiu eliminar diferentes tipos de tumores como: os de pele, ossos e até cérebro.
Essa vacina não é feita sob medida para cada paciente, como algumas que já estão sendo testadas em humanos. Ela é pensada como uma “versão universal”, que pode ser aplicada em larga escala. Ou seja, algo como um tratamento “padrão” para diferentes casos de câncer.
“É como se o corpo fosse treinado para enxergar o câncer como um vírus e partir pra cima dele”, explicou o líder da pesquisa, Elias Sayour, ao site da Universidade da Flórida.
A reportagem do portal iG conversou com um dos médicos oncologistas mais respeitados do país, Fernando Maluf. O fundador do Instituto Vencer o Câncer está otimista com os resultados preliminares.
"Esta é uma estratégia já avaliada por alguns outros estudos, considerada bastante inteligente e promissora. Ela vem sendo testada não apenas em casos de melanoma e câncer de pâncreas, mas também em outros tipos de tumor, como os cerebrais, intestinais, de próstata e de mama. Os resultados ainda são preliminares, mas bastante animadores. Se os testes se confirmarem positivos, essa abordagem certamente se somará ao conjunto de ferramentas que vêm sendo desenvolvidas atualmente no combate e controle do câncer."
Agora, os cientistas estão se preparando para dar o próximo passo: os testes clínicos com pessoas, que devem começar nos próximos meses.
Nos últimos anos, vacinas personalizadas contra o câncer (como a desenvolvida pela Moderna, em parceria com a farmacêutica Merck) já vêm mostrando bons resultados — inclusive em pacientes com câncer de pâncreas, que ficaram livres da doença por anos. Mas o custo e o tempo de produção ainda são um desafio.
Essa nova abordagem, mais ampla, pode acelerar tratamentos e ajudar muito mais gente, caso os testes em humanos também sejam bem-sucedidos.
A fase é inicial, e muita coisa precisa ser testada antes de pensar em levar essa vacina para hospitais. Mas os especialistas estão animados e acreditam que essa pode ser uma nova era no combate ao câncer — mais acessível, menos invasiva e com tecnologia já conhecida.
Último Segundo
Colaboração Rondoniaovivo
da redação F/M