Novo Ensino Médio: mesmo com veto de Lula a mudanças no Enem, MEC ainda debaterá alterações na prova; entenda

Banner 970x250

Novo Ensino Médio: mesmo com veto de Lula a mudanças no Enem, MEC ainda debaterá alterações na prova; entenda

 


       
Governo federal entende que o tema ainda precisa ser mais bem discutido

Porto Velho, Rondônia - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou na quinta-feira a reforma do Novo Ensino Médio vetando as mudanças que o texto previa para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Agora, não há nenhuma previsão de alteração na prova. Mas essa decisão pode ser revertida pelo Congresso e pelo próprio governo, que entende que o tema ainda precisa ser mais bem discutido.

Com o veto, só os conteúdos comuns e obrigatórios a todos os alunos vão ser cobrados no Enem. Eles correspondem a 2,4 mil horas da carga horária. As outras 600 horas, período de aulas em que os alunos escolhem a área de conhecimento (Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza) que preferem estudar mais, não serão consideradas para a prova. Esse segundo grupo de aulas é chamado de itinerários formativos.

Na mensagem comunicando o veto ao Congresso, o presidente diz que a inclusão dos itinerários formativos “poderia comprometer a equivalência das provas, afetar as condições de isonomia na participação dos processos seletivos e aprofundar as desigualdades de acesso ao ensino superior”.

Outro veto foi no prazo de implementação da mudança do Enem, definido para 2027. Na avaliação da Presidência, o artigo perdeu sentido com seu veto anterior.

Internamente, o Ministério da Educação prefere que a prova cobre apenas conteúdos da parte comum do currículo. No entanto, a pasta não dá esse assunto como encerrado, e defendeu o veto para que o tema seja mais bem discutido, envolvendo as redes de ensino, parlamentares e o Inep, órgão responsável pela produção do Enem.

Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Ângelo afirma que o grupo defende que o Enem cobre os conteúdos também dos itinerários formativos. Secretário de Educação do Espírito Santo, Ângelo diz que a entidade pediu apenas o veto para o ano de entrada em vigor da mudança no exame, porque a reforma levou tempo para ser aprovada, o que dificulta a implementação de todas as alterações já em 2025.

— O Consed avalia que esse veto fragiliza a reforma. O sinal que passa é que os itinerários não têm importância — afirma de Ângelo. — E deixar esse debate mais para frente também é ruim. A gente já tem vários temas pedentes para decidir, que são urgentes, como o Plano Nacional de Educação, as mudanças no Sistema de Avaliação da Educação Básica e a revisão da Base Nacional Comum Curricular.

Colégios privados também consideram que o Enem precisa cobrar os itinerários formativos, segundo a vice-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amabile Pácios. No entanto, ela afirma que o veto foi importante porque a lei não criou regras claras para o exame, e isso impede o planejamento das escolas.

— As regras precisam estar claras. Hoje, não tem um norte de como isso seria cobrado no Enem — diz Pácios.

O tema divide especialistas. Uma parte entende que os itinerários até agora se mostraram frágeis, do ponto de vista pedagógico, por não cumprirem a expectativa de aprofundarem os conteúdos ensinados. Além disso, estudantes de ensino técnico saem prejudicados, já que o itinerário das aulas profissionalizantes não seriam cobradas no Enem. Esses estudantes teriam que escolher uma das áreas de conhecimento para fazer a prova, mesmo sem ter feito o aprofundamento curricular dessa área no ensino médio.

Outra parte dos pesquisadores em educação afirma que o Enem é um norteador importante do ensino médio, e não cobrar os itinerários na prova é diminuir a importância dessas aulas. Eles lembram que as diretrizes nacionais para essa parte do currículo estão sendo feitas pelo Conselho Nacional de Educação e isso guiará as redes de ensino, aumentando a chance de aprofundamento nas áreas do conhecimento, além de dar ao Inep referências para a prova.

Relator minimiza

Os dois artigos vetados por Lula foram incluídos no texto por uma emenda da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e aceita pelo relator do projeto na Câmara, Mendonça Filho (União-PE). Tabata, candidata a prefeita de São Paulo, não quis se pronunciar sobre a decisão do presidente. Mendonça afirmou que não apoia a retirada desse dispositivo, mas ressalvou que isso já era esperado e não significa uma quebra de acordo do Executivo com o Legislativo.

— Quando o Enem avalia o aprofundamento, valoriza a área de conhecimento de escolha do jovem. O Congresso vai deliberar (se derruba ou não o veto) no tempo certo e oportuno. Não tem nenhum estresse quanto ao veto — afirmou o deputado, que comemorou a sanção com poucas mudanças. — A essência do Novo Ensino Médio foi preservada: flexibilidade, protagonismo do jovem e integração com o ensino técnico, o que é o mais importante.

A reforma do Novo Ensino Médio foi aprovada no Congresso em julho, depois de um longo processo de discussão e mudanças no texto. Entre as principais mudanças em relação ao modelo criado em 2017, no governo de Michel Temer, estão a ampliação da carga horária das disciplinas básicas, como Português, Matemática, Química e História, e a criação de regras para a parte do currículo que o aluno escolhe o que estudar.


Fonte: O GLOBO


da redação FM Alô Rondônia
Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem
Aos leitores, ler com atenção! Este site acompanha casos Policiais. Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda - se ao leitor critério ao analisar as reportagens.