Pesquisa avaliou mais de 114 mil quilômetros de estradas pavimentadas e revela impacto direto na segurança viária e nos custos do transporte.
Foto de Divulgação
Mais de 60% das rodovias pavimentadas do Brasil apresentam condições consideradas inadequadas para o tráfego seguro. É o que mostra a Pesquisa CNT de Rodovias 2025, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte CNT, que avaliou 114.197 quilômetros de estradas em todo o país.
De acordo com o levantamento, a classificação do chamado Estado Geral das rodovias ficou distribuída da seguinte forma: 43% regular, 15,1% ruim e 4% péssimo. Somados, esses trechos representam 62,1% da malha analisada, o equivalente a 70.896 quilômetros em condições que não são consideradas boas para o uso. Apenas 27,8% das rodovias foram classificadas como boas e 10,1% como ótimas.
Condições das rodovias comprometem muito a transporte rodoviário — Foto: André Schaun
Apesar do cenário ainda preocupante, a CNT aponta uma leve evolução em relação ao ano anterior. Em 2024, quando foram avaliados 111.853 quilômetros, os percentuais eram 40,4% regular, 20,8% ruim, 5,8% péssimo, 25,5% bom e 7,5% ótimo. A comparação indica redução dos trechos em estado ruim e péssimo, além de crescimento das classificações bom e ótimo.
A avaliação do Estado Geral considera três critérios principais: pavimento, sinalização e geometria da via. Entre os aspectos analisados estão as condições do asfalto, placas de sinalização, acostamentos, curvas, pontes e a presença de pontos críticos, que são situações atípicas que interferem no fluxo normal do tráfego e aumentam o risco de acidentes.
Na segurança viária, os efeitos da infraestrutura deficiente são expressivos. Entre janeiro de 2016 e julho de 2025, foram registrados 697.435 acidentes nas rodovias federais monitoradas pela Polícia Rodoviária Federal PRF. Desse total, mais de 43 mil pessoas perderam a vida. O custo econômico acumulado desses acidentes é estimado em R$ 149,67 bilhões, considerando despesas com atendimentos de emergência, danos aos veículos, perdas de carga e impactos sociais.
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A CNT analisa três principais fatores: pavimento, sinalização e geometria da via — Foto: André Schaun
Além do risco à vida, a má condição das rodovias também pesa no bolso. Segundo a pesquisa, quanto pior a qualidade da via, maior o consumo de combustível, o desgaste dos veículos e o tempo de deslocamento. O estudo estima que a condição do pavimento eleva, em média, em 31,2% os custos operacionais do transporte rodoviário no Brasil.
Somente com o consumo adicional de diesel provocado pelo pavimento em más condições, o desperdício anual chega a R$ 7,2 bilhões, o equivalente a cerca de 1,2 bilhão de litros de combustível. A CNT aponta que esse montante seria suficiente para financiar iniciativas de baixo carbono, como a aquisição de caminhões elétricos, a produção de combustíveis renováveis e ações de reflorestamento.
Ao detalhar os dados por tipo de gestão, a pesquisa mostra avanços tanto em rodovias concedidas quanto nas públicas. Nas rodovias sob concessão, os trechos classificados como ruins caíram de 1.609 quilômetros em 2024 para 618 quilômetros em 2025, uma redução de 61,6%. Já nas rodovias públicas, a queda foi de 23,3%, passando de 21.630 quilômetros para 16.594 quilômetros.
Mesmo com a melhora pontual, a CNT reforça que o volume de estradas em condições inadequadas ainda é elevado e exige investimentos contínuos para reduzir acidentes, custos logísticos e impactos sociais em todo o país.
- Fonte: RondoMotor
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