Rescisão ocorre após falhas generalizadas; população pressiona por solução imediata enquanto cidade enfrenta risco sanitário às vésperas do feriado prolongado
A Prefeitura de Porto Velho abriu o processo de rescisão do contrato emergencial com o consórcio EcoPVH/Suma Brasil esta semana após semanas de acúmulo de lixo, falhas operacionais e risco sanitário em praticamente todas as regiões da capital. O parecer técnico da Agência Reguladora confirmou inexecução de rotas, atrasos generalizados e ausência de estrutura mínima. Apesar disso, a empresa continuará operando durante o período de defesa — mantendo a cidade exposta à instabilidade e ao colapso da limpeza urbana.
O cenário se deteriorou de forma acelerada. Bairros inteiros acumulam até quatro dias de resíduos, contêineres transbordam, moscas e mau cheiro se espalham pelas vias e vídeos de moradores mostram lixo sendo revirado por animais. Em comunidades ribeirinhas, a falta de atendimento reacendeu críticas sobre a incapacidade operacional do consórcio emergencial, que desde o início não conseguiu estabelecer regularidade mínima.
Nas redes sociais, a insatisfação cresce. Moradores relatam que “a coleta simplesmente deixou de existir em alguns bairros”, que “Porto Velho virou um lixão a céu aberto” e que a cidade “nunca ficou tantos dias sem recolhimento”. Sacos acumulados no Mocambo, São Francisco, Areal e região Sul reforçam o colapso.
A situação reacendeu o debate sobre a composição do consórcio EcoPVH. Uma das empresas integrantes, a Amazon Fort, acumula antecedentes de conflitos contratuais, irregularidades operacionais e investigações em outros estados, incluindo Santa Catarina, onde já foi alvo de apurações envolvendo contratos emergenciais de limpeza urbana. Em Porto Velho, a empresa protagonizou episódios marcados por pressões políticas, disputas contratuais e até ameaças registradas pelo ex-prefeito m Hildon Chaves. O histórico voltou ao centro do debate diante do desempenho considerado insuficiente no contrato atual.
Na Câmara Municipal, o tom também é de indignação. O vereador Breno Mendes classificou o momento como “um caos absoluto”, enquanto Everaldo Fogaça afirmou que “não há qualquer condição de manter o serviço nos moldes atuais”, citando risco sanitário e acúmulos sucessivos. Outras lideranças políticas reforçar am a urgência de uma solução técnica e imediata.
A Prefeitura informou que o serviço não será interrompido durante a transição e confirmou que avalia alternativas administrativas para reorganizar a coleta. Entre as opções estão a contratação emergencial de outra empresa com capacidade técnica comprovada, a convocação de operadores habilitados para assumir rapidamente o serviço, ou a retomada temporária da operação pela EcoRondônia, enquanto se define o modelo definitivo para garantir estabilidade.
A expectativa é de que o Executivo anuncie, nos próximos dias, o caminho para restabelecer a regularidade da coleta. A decisão é considerada urgente — sobretudo às vésperas do feriado da Consciência Negra, quando famílias permanecem mais tempo em casa, geram maior volume de resíduos e a cidade tende a sentir de forma ainda mais evidente os impactos da continuidade do colapso na coleta urbana.
da redação
