| Marcha das Mulheres Negras reúne multidão na Esplanada dos Ministérios - Foto reprodução. |
Organizações afirmam que Estado deve assumir responsabilidade histórica e garantir políticas efetivas para a população negra.
Porto Velho, RO - Cerca de 500 mil mulheres negras tomaram as ruas de Brasília nesta terça-feira (26) durante a Marcha das Mulheres Negras, uma das maiores mobilizações do país em defesa de políticas públicas voltadas ao enfrentamento do racismo, da violência e da desigualdade. O ato reuniu lideranças de movimentos sociais, coletivos feministas, indígenas, quilombolas e representantes de organizações da sociedade civil.
As organizadoras destacaram que o evento busca pressionar o Estado brasileiro por medidas concretas de combate ao racismo estrutural, garantia de direitos e enfrentamento à violência contra mulheres negras. Em declaração pública, representantes do movimento afirmaram que é “dever e direito olhar para o povo negro”, cobrando avanços em políticas de saúde, educação, trabalho e segurança.
MOBILIZAÇÃO DESTACA PAUTAS IMPORTANTES
Com faixas, tambores e palavras de ordem, participantes mencionaram temas como genocídio da juventude negra, feminicídio, desigualdade salarial e acesso a serviços públicos. Diversos coletivos denunciaram que, apesar de avanços institucionais recentes, a população negra permanece como a principal vítima de violência policial e exclusão social no Brasil.
Representantes de movimentos negros criticaram a lentidão na implementação de políticas estruturantes e destacaram que o peso da desigualdade recai desproporcionalmente sobre mulheres negras. Elas defendem ações de reparação histórica, ampliação de recursos para programas de proteção e mais participação da população negra em espaços de decisão política.
Entre as manifestantes, muitas compartilharam histórias de violência, discriminação e superação. Jovens relataram dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, enquanto mães denunciaram a insegurança vivida pelos filhos em territórios marcados pela violência estatal. Para elas, a marcha é “um ato de coragem, memória e reivindicação coletiva”.
Especialistas em políticas públicas afirmam que o país avançou em marcos legais de enfrentamento ao racismo, mas reconhecem que a execução das políticas ainda é irregular e depende de articulação entre União, estados e municípios. Já setores críticos ao movimento alegam que as manifestações têm caráter político-partidário, o que é contestado pelos organizadores, que ressaltam tratar-se de uma defesa de direitos fundamentais.
A Marcha das Mulheres Negras ocorre em um contexto de aumento do debate público sobre racismo estrutural e desigualdade. De acordo com dados nacionais recentes, mulheres negras seguem liderando índices de desemprego, violência doméstica e mortalidade materna, além de serem as principais vítimas de feminicídio. O movimento reivindica que essas estatísticas orientem políticas governamentais urgentes.
A mobilização encerrou-se com um ato cultural e com a entrega de uma carta de reivindicações ao governo federal, reforçando que o movimento seguirá articulado para acompanhar respostas institucionais. Organizações afirmam que ações futuras devem ocorrer em outras capitais ao longo de 2026.
da redação FM

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