Líderes extrativistas cobram debate central sobre povos da floresta na COP30

Líderes extrativistas cobram debate central sobre povos da floresta na COP30

 Presidente do CNS afirma que populações que vivem da agricultura familiar sofrem mais com a crise climática e defende que "justiça territorial" é essencial para a justiça climática.


         © Marcelo Camargo/Agência Brasil



Os povos da floresta e comunidades tradicionais estão no centro dos debates preparatórios para a próxima Conferência do Clima (COP30). Nesta terça-feira (14), durante a Pré-COP dos Povos e Comunidades Tradicionais, em Brasília, o presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Julio Barbosa de Aquino, defendeu que a conferência de Belém, em novembro, deve dar voz a quem mais sofre com os impactos da crise.

“Ninguém sofre mais com a questão climática do que as pessoas que moram na floresta e que vivem da agricultura familiar. São essas pessoas que produzem para levar alimento para a cidade”, afirmou Aquino.

Impactos concretos e a defesa das Reservas Extrativistas

Aquino ressaltou que os impactos da crise climática nos biomas são concretos e afetam diretamente a vida e a economia dos povos da floresta. Ele citou como exemplo a situação em que o rio fica intrafegável devido a alterações climáticas, impedindo tanto a chegada de alimentos e merenda escolar quanto a saída da produção para o comércio. “Nós não temos extrativista se nós não tivermos o nosso rio protegido. Esse é o grande desafio que nós temos”, disse.

Maria Nice Machado Aires, quebradeira de coco da Baixada Maranhense, destacou que a COP30 é o momento de defender as reservas extrativistas existentes e lutar pela criação de novas. Ela reforçou que essas comunidades são um “exemplo de fortalecimento da floresta” devido às suas políticas de defesa do meio ambiente e da cultura.

Justiça territorial e novos debates

Ângela Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes e presidenta do Comitê Chico Mendes, defendeu que a luta dos povos extrativistas deve ser um legado central no evento em Belém.

“Não é possível fazer justiça climática sem fazer justiça territorial, sem reconhecer o direito e a importância desses povos”, afirmou a ambientalista.

O diretor da The Nature Conservancy, José Otávio Passos, endossou a necessidade de mudar o foco dos debates. Historicamente, as conferências do clima priorizam energia e combustíveis para países desenvolvidos. Segundo ele, a COP na Amazônia é a oportunidade ideal para colocar as necessidades dos povos da floresta no centro da discussão, abordando também as crises da biodiversidade e a social.

A secretária nacional de povos e comunidades tradicionais do Ministério do Meio Ambiente, Edel Moraes, afirmou que as reivindicações de quilombolas, indígenas e extrativistas estão na agenda do governo federal para a COP. Ela destacou a criação do Círculo dos Povos, uma novidade na presidência da conferência.

Por Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil - 20

da redação FM

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