Feminicídios dobram em Rondônia: 17 mulheres assassinadas em sete meses

Feminicídios dobram em Rondônia: 17 mulheres assassinadas em sete meses

 

       Estado registrou aumento de 112% nos casos em comparação a 2023; Porto Velho lidera como município mais violento. OAB-RO reforça ações de enfrentamento durante campanha Agosto Lilás.


Porto Velho Rondônia – Rondônia está entre os estados mais letais para mulheres no Brasil. De janeiro a julho deste ano, foram registrados 17 feminicídios, segundo dados do Observatório Estadual de Segurança. No mesmo período de 2023, foram oito casos, o que representa um crescimento de 112%.

A capital Porto Velho lidera o ranking da violência, com seis ocorrências. Na sequência aparecem Presidente Médici e Ji-Paraná, com dois registros cada. Também houve assassinatos de mulheres em Mirante da Serra, Santa Luzia do Oeste, Vilhena, Buritis, Cujubim, Governador Jorge Teixeira e Itapuã do Oeste.

Cenário nacional

O quadro em Rondônia reflete a realidade do país. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. A maioria era negra (63,6%), tinha entre 18 e 44 anos (71,1%) e foi assassinada dentro de casa (64,3%).

Outro dado alarmante é que 90% dos crimes foram cometidos por homens, sendo que em 63% dos casos o autor era o companheiro da vítima; em 21,2%, o ex-companheiro; e em 8,7%, algum familiar.

Além disso, ao menos 121 mulheres assassinadas nos últimos dois anos estavam sob medida protetiva. Em 2024, cerca de 100 mil medidas protetivas foram descumpridas em todo o país.

Vozes das vítimas

Por trás das estatísticas, estão histórias de dor e sobrevivência. Solange Boaventura, vítima de tentativa de feminicídio, contou que as agressões começaram de forma “sutil” e evoluíram até quase custar sua vida. “Nas primeiras vezes foram apenas empurrões, até que na última agressão ele me enforcou e me deixou desacordada”, relatou.

Outra mulher, que preferiu não se identificar, relembrou abusos sofridos ainda na infância: “Eu tinha cinco anos e não entendia o que estava acontecendo. Ele me ameaçava e dizia para não contar para ninguém. Todo mundo falava ‘meu avô é maravilhoso’, mas comigo não foi assim.”

Ações da OAB-RO

Para enfrentar esse cenário, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB-RO) tem intensificado ações de combate à violência contra a mulher. Durante o Agosto Lilás, campanha nacional de conscientização, a entidade promoveu debates sobre políticas públicas, fortalecimento dos juizados especializados e a aplicação do Artigo 14-A da Lei Maria da Penha, que amplia a proteção às vítimas.

Além disso, foi criada uma ouvidoria para receber denúncias em bares e casas noturnas, e a Comissão de Combate à Violência Doméstica da OAB-RO segue atuando em projetos de acolhimento.

A conselheira Miriam Pereira Mateus reforça que essas iniciativas são essenciais para garantir os direitos femininos: “Nosso papel é assegurar que as mulheres conheçam seus direitos e tenham a quem recorrer”, disse.

Já a advogada Rosimar Francelino, presidente da Comissão e coordenadora da Rede Lilás, destacou a importância da informação: “Campanhas como o Agosto Lilás dão visibilidade ao tema e fortalecem a rede de proteção. A violência contra a mulher é uma violação de direitos humanos e não pode ser tolerada”, afirmou.

Canais de denúncia

Em situações de violência, a denúncia pode ser feita gratuitamente pelo Ligue 180, disponível 24 horas por dia em todo o país. Em Rondônia, também estão disponíveis os seguintes contatos:

OAB Rondônia – (69) 3217-2112 / WhatsApp: (69) 99954-9260

Ministério Público de Rondônia – (69) 3216-3996 / WhatsApp: (69) 98408-9931

Tribunal de Justiça de Rondônia – (69) 3309-7105 / WhatsApp: (69) 8455-3277

Defensoria Pública – (69) 99208-4629

Delegacia de Atendimento à Mulher – (69) 3216-8800

Polícia Militar – 190

Polícia Civil – 197


Fonte: G1 Rondonia

da redação FM

Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem
Aos leitores, ler com atenção! Este site acompanha casos Policiais. Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda - se ao leitor critério ao analisar as reportagens.