Adversários e aliados internacionais de Israel condenaram a ação atribuída ao Estado judeu, que não admitiu oficialmente a autoria do ataque
Ambulâncias com vítimas de explosão de pager tentam chegar a hospital de Beirute — Foto: ANWAR AMRO / AFP
Em um comunicado publicado nesta quarta-feira, o Hezbollah prometeu um "acerto de contas duro" e disse que uma "dura expiação espera" por Israel, pelo que chamou de "massacre" na terça-feira. Também afirmou que o apoio do grupo ao Hamas, um aliado do Eixo da Resistência, vai continuar "independente do duro cálculo que o inimigo criminoso deve esperar".
O Ministério da Saúde do Líbano anunciou na manhã desta quarta-feira que o número de mortos na cinematográfica operação de terça subiu de nove para 12, incluindo duas crianças. O responsável pela pasta, o ministro libanês Firass Abiad, detalhou a repórteres que o total de feridos é estimado entre 2,75 mil e 2,8 mil. Em meio à superlotação nos hospitais libaneses, pacientes foram transferidos para a Síria e para o Irã.
Analistas classificaram o ataque contra o Hezbollah como um "sucesso tático", mas questionaram o impacto estratégico da ação. O entendimento é de que embora tenha envergonhado o movimento libanês e pareça ter incapacitado muitos de seus membros, o ataque não alterou o equilíbrio militar ao longo da fronteira entre Israel e Líbano, onde mais de 100 mil civis foram deslocados pela guerra de baixa intensidade travada desde o início da guerra em Gaza.
Há também preocupação de que o ataque possa levar a uma regionalização do conflito em Gaza. A Coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, alertou para o risco de uma "escalada extremamente preocupante num contexto já (...) volátil", acrescentando que "todas as partes envolvidas a se absterem de qualquer ação (...) que possa desencadear uma conflagração mais ampla".
O porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitri Peskov, afirmou que a explosão dos pagers criou um novo foco de tensão na região, afirmando que pode se tornar um "gatilho" para uma ampliação da guerra. O Irã chamou o ataque de "massacre", enquanto o ministro das Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, condenou as explosões, que disse ter causado "danos colaterais indiscriminados" entre civis.
— Eu considero essa situação extremamente preocupante. Eu posso apenas condenar esses ataques que colocam em risco a segurança e a estabilidade do Líbano, e aumenta o risco de uma escalada na região — disse Borrell.
O Hezbollah e integrantes do próprio governo do Líbano acusaram Israel pelo ataque, com portais de notícias árabes afirmando que a ação teria sido realizada pela agência de Inteligência de Israel, Mossad, que plantou explosivos nos compartimentos de bateria dos aparelhos usados pelo grupo. O governo israelense ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Entenda o ataque
A explosão simultânea dos pagers — um dispositivo eletrônico usado para a recepção de alertas e mensagens curtas — de centenas de membros do Hezbollah surpreendeu a todos na terça-feira. A hipótese mais provável é de que os equipamentos tenham sido alterados ainda na cadeia de produção, com a adição de explosivos.
Ao Wall Street Journal, um integrante do Hezbollah afirmou que os aparelhos que explodiram provavelmente faziam parte de um mesmo carregamento recebido pelo grupo nos últimos meses.
A empresa fabricante dos pagers, Gold Apollo, de Taiwan, informou nesta quarta que o modelo de pager supostamente usado por membros do Hezbollah que explodiu foi fabricado na Europa, pela empresa BAC Consulting KFT, sediada em Budapeste. (Com AFP e NYT)
Fonte: O GLOBO
da redação FM Alô Rondônia