Desastre em Maceió: águas de lagoa que entraram em contato com mina rompida serão analisadas

Desastre em Maceió: águas de lagoa que entraram em contato com mina rompida serão analisadas

 

        Cavidade feita pela Braskem para extração de sal-gema entrou em colapso e foi preenchida pelas águas do manancial


O rompimento de parte da mina 18 de sal-gema da Braskem, neste domingo, em Maceió (AL), fez com que as águas da lagoa Mundaú entrassem em contato com resíduos da mineração. Este contato preocupa a Prefeitura da capital alagoana, que informou que as águas precisarão passar por análise. 


O rompimento ocorreu após dias de alerta de risco de colapso, que já havia motivado a evacuação emergencial dos bairros Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol, com aproximadamente 5 mil famílias sendo obrigadas a deixar suas casas. Defesa Civil do município frisou não haver "qualquer risco" para a população.

De acordo com a prefeitura, "um estudo aprofundado nas águas da lagoa, que entraram em contato com a mina e precisam ser analisadas", será uma das providências tomadas após o rompimento. Depois do colapso, as águas do manancial preencheram a cavidade feita pela Braskem para extração de sal-gema.

"Estamos monitorando estas minas 24 horas por dia, em um trabalho sério, incansável, e que hoje é referência. Sobrevoamos a região e estamos avaliando os impactos ambientais e sociais", afirmou o prefeito, em nota publicada pela Prefeitura.

Imagens aéreas feitas antes e depois do rompimento mostram alterações na cor e no nível da água. Na última segunda-feira, 4 de dezembro, já havia um ligeiro avanço da água da Lagoa de Mundaú no aterro próximo ao acesso da Mina 18. Já o registro feito neste domingo pela prefeitura de Maceió, através de drone, mostra a água em movimento e ocupando uma porção maior da superfície.

Rompimento parcial da Mina 18 é perceptível neste domingo, na imagem à direita, pelo avanço da água em comparação com registro do último dia 4 (à esquerda) — Foto: Divulgação/Prefeitura de Maceió/10-12-2023 e Ailton Cruz/Agência O Globo/04-12-2023

Nesta segunda-feira, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, viajou para Brasília para se encontrar com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Também haverá reuniões com representantes do Governo Federal.

O prefeito adiantou que vai solicitar junto à União o pagamento imediato dos auxílios para pescadores e marisqueiros. Esses trabalhadores estão impedidos de trabalhar.

Infográficos: entenda como se deu o afundamento

Usado na indústria química na fabricação de PVC, o sal-gema é extraído do subsolo através de perfurações que podem atingir mais de mil metros, nível no qual o material pode ser encontrado. Escavados os buracos, são injetados neles água. Ao atingir o sal-gema, cria-se uma mistura, como um salmoura.
Como é a extração do sal gema — Foto: Arte O GLOBO

A pressão da água injetada força a salmoura a subir, possibilitando a extração do sal-gema na superfície. Após o sal ser extraído, os poços são preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo. A Braskem informou também ter preenchido parte de seus poços com areia.

Passo a passo da extração do sal gema — Foto: Arte O GLOBO

Estudos apontam que, no caso das minas de Maceió, a presença de falhas geológico podem ter levado ao vazamento do líquido e à despressurização dos poços, que começaram a ceder. Com isso, o solo perdeu estabilidade e se deu início ao processo de afundamento.


Passo a passo do extração do sal gema em Maceió — Foto: Arte O GLOBO

O que aconteceu com a Braskem?

A operação da Braskem em Maceió passou a enfrentar problemas a partir de fevereiro de 2018, quando a capital alagoana registrou fortes chuvas e um tremor de terra, sentido principalmente no bairro do Pinheiro. Após esse evento, já foram identificadas rachaduras em ruas e edificações. Ainda em junho de 2018, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciou a investigação do caso.

Mina sem fiscalização

Em relatório de situação apresentado pela Braskem à Agência Nacional de Mineração (ANM), a empresa afirmou que já não conseguia examinar a Mina 18 com sonares desde antes do dia 23 de novembro -- uma semana depois desta data, no dia 29, a mineradora passou a emitir alertas às autoridades sobre risco de "deslocamento abrupto" do solo.

No documento, a Braskem disse ter conseguido acessar a mina com sonar pela última vez no dia 4 de novembro, mas obteve acesso a apenas parte da cavidade. Com a intensificação de atividade sísmica na área, dois dias depois, a empresa suspendeu temporariamente o monitoramento com sonar. Ao tentar retomá-lo, "as equipes voltaram a campo, ocasião em que já não foi possível acessar a cavidade 18 através dos seus três poços para realização do exame de sonar".

O uso de sonares permitia à Braskem mensurar o volume total de cada uma das 35 minas de sal-gema que explorava em Maceió, além de acompanhar eventuais impactos de movimentação do solo. Com a impossibilidade de mapear a Mina 18 por dentro, a empresa passou a se basear em monitoramento por satélite e em sensores externos — especialmente um aparelho às margens da Mina 20, para medir a movimentação do solo e o ritmo de afundamento.


Fonte: O GLOBO


da redação FM Alô Rondônia
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