Oposição aciona Ministério Público e cobra demissão de secretário que falou em 'aula vagabunda de filosofia'

Oposição aciona Ministério Público e cobra demissão de secretário que falou em 'aula vagabunda de filosofia'

 


         
Fábio Prieto, que está à frente da pasta de Justiça, sugeriu que só conseguiu se tornar juiz federal por conta das disciplinas de português e matemática

Deputados de partidos da oposição acionaram o Ministério Público contra o secretário de Justiça de São Paulo, Fábio Prieto, que afirmou, durante a Conferência Estadual da Juventude de São Paulo, que a "turma do sindicato fica dando aula vagabunda de filosofia e sociologia".

Durante seu discurso, Prieto ainda sugeriu que só conseguiu se tornar juiz federal por conta das disciplinas de português e matemática.

"No meu tempo, o colégio público me ensinou matemática e português e é por isso que eu estou aqui, por isso que eu fui juiz federal, secretário de estado, é porque eu sei matemática e português. E a turma do sindicato fica dando aula vagabunda de filosofia, sociologia, para que vocês não aprendam nada. Vocês vão aprender agora matemática e português, porque vocês vão sentar na cadeira do prefeito, vocês vão sentar aqui na cadeira do secretário, vocês vão ser a liderança e vocês vão mandar no Brasil", discursou o secretário, que foi vaiado pelo público.

Carlos Giannazi, deputado estadual do PSOL, protocolou uma representação junto ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pedindo a condenação do secretário e o pagamento de indenização coletiva por danos morais, a ser revertida para algum fundo de educação do estado.

— A fala truculenta e repugnante do secretário agride todo o magistério e estudantes ao reduzir e limitar a educação apenas a duas disciplinas. Também mostra o seu despreparo para estar à frente de uma secretaria de estado. Exigimos a sua imediata e exoneração — disse Giannazi.

Na representação, assinada também pela deputada federal Luciene Cavalcante e pelo vereador Celso Giannazi, os parlamentares pedem a apuração do caso e a determinação para que o secretário preste esclarecimentos sobre sua fala e realize uma retratação pública, em mídia de alta circulação, reconhecendo a imprescindibilidade do ensino de filosofia e sociologia nas escolas.

A deputada Professora Bebel (PT), presidente do sindicato de professores estaduais (Apeoesp), deve encaminhar nesta terça-feira um pedido de afastamento de Prieto. Já o mandato de Guilherme Cortez (PSOL), vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa (Alesp), estuda mandar o caso para a Comissão Geral de Ética do Estado e prepara uma representação no Ministério Público para investigar a conduta e afastar o secretário do cargo.

— A declaração do secretário, bastante representativa do obscurantismo do governo Tarcísio e como este enxerga a educação e os professors, é totalmente inapropriada para um agente público. Não é aceitável que um secretário estadual venha a público para insultar e ofender toda uma categoria — diz Cortez.

O advogado Ariel de Castro Alves, ex-secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do governo Lula, cobra um pedido de desculpas de Prieto e diz que sua manutenção no cargo se tornou incompatível diante da declaração.

— Muito grave e emblemático que o secretário que representa a área de Justiça, direitos humanos e cidadania tenha feito uma declaração desse tipo — afirma Alves.

Fora da mira

Procurado, Prieto não quis se manifestar. Pessoas próximas ao secretário dizem que o episódio teve pouca repercussão no governo e que, até o momento, não houve nenhum tipo de retaliação ou indicativo de que o titular da Justiça pudesse perder o posto.

A fala do secretário de Justiça vem na esteira da decisão do governo de São Paulo de cortar pela metade a carga horária de disciplinas de Artes, Filosofia e Sociologia para o novo currículo escolar e mais que dobrar o espaço de Língua Portuguesa e Matemática.

Segundo a secretaria da Educação, até este ano, os alunos da primeira e segunda séries do Ensino Médio tinham duas aulas por semana de filosofia e outras duas de sociologia. A partir de 2024, serão duas aulas de filosofia na primeira série e duas de sociologia na segunda.

"A Educação de São Paulo definiu pelo aprimoramento das aulas de arte, filosofia e sociologia no itinerário formativo de Linguagens e Ciências Humanas. Enquanto na Formação Geral Básica serão duas aulas de cada disciplina no Ensino Médio (duas de arte na 1ª série, duas de filosofia na 1ª série e duas de sociologia na 2ª série), estudantes de Humanas terão quatro aulas de Arte e Mídias Digitais e outras quatro de Filosofia e Sociedade Moderna no itinerário escolhido", diz a pasta.


Fonte: O GLOBO


da redação FM Alô Rondônia


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