Grupo cumpria ordens para encontrar materiais contra presos pelos atos em Brasília
Jornalistas divulgaram, nesta segunda-feira (4), documentos que revelam que o Supremo Tribunal Federal (STF) usou postagens em redes sociais para manter presos manifestantes do 8 de janeiro de 2023, mesmo sem provas de participação nos atos.
O material divulgado no portal Public traz ainda troca de mensagens entre a equipe do ministro Alexandre de Moraes, entre eles seus principais assessores: a chefe do gabinete de Moraes no STF, Cristina Yukiko Kusahara; o juiz instrutor do STF Airton Vieira e chefe da Assessoria Especial de Combate à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro.
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As mensagens trocadas em fevereiro de 2023 mostram como o grupo trabalhava para identificar os manifestantes e incriminá-los com base em suas redes sociais, ainda que essas publicações não tivessem nenhuma relação com a manifestação que levou à depredação dos prédios públicos.
Em uma troca de mensagens, o juiz Airton Vieira mostra que estava disposto a decidir pela prisão dos manifestantes durante a audiência de custódia, chegando a debochar deles. Em outras mensagens é possível ver a chefe de gabinete de Moraes exigindo agilidade para a equipe de Tagliaferro que atuava no TSE, não no STF.
Em 13 de janeiro, Cristina Kusahara aparece pressionando os técnicos por agilidade, mesmo sem critério claro. Ao ser alertada de que a equipe não tinha preparo para fazer trabalho de inteligência, ela respondeu:
– Eu preciso dessa análise, feita com cautela, mas não no ritmo de vocês aí do TSE… Desculpe a expressão… O pessoal aí está mal acostumado.
Eduardo Tagliaferro, que chefiava a equipe, respondeu:
– Sim, e vai [ser demitido], só não dava para fazer no olho do furacão.
Ele também reclamou da sobrecarga em uma mensagem de voz ao juiz Airton:
– As ordens de Moraes são simplesmente desumanas.
Em outra mensagem, Kusahara deixou claro o objetivo:
– Temos 1.200 pessoas custodiadas, e a maioria vai ser liberada. Não podemos nos dar ao luxo de ficar filosofando.
Por “filosofar”, ela se referia a preocupações internas com erros, nomes repetidos e a velocidade das decisões.
As mensagens mostram que os dados usados para manter presos os manifestantes eram enviados informalmente, sem controle oficial ou cadeia de custódia.
No dia 1º de março de 2023, o juiz Airton Vieira, braço direito de Moraes, escreveu no grupo “Audiências de Custódia”:
– Despeço-me aqui, singelamente, pois nos demais grupos já estou me despedindo… Que nas audiências de custódia possamos dar a cada um o que lhe é de direito: a prisão!
O juiz era responsável por garantir a imparcialidade no processo, mas sua mensagem revela ironia e julgamento antecipado. Confira a investigação completa!
Confira algumas das mensagens vazadas:
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