Conheça mansão milionária de ex-banqueiro falido em SP que não pode ser derrubada por ter minifloresta

Conheça mansão milionária de ex-banqueiro falido em SP que não pode ser derrubada por ter minifloresta

 



Na Rua Gália, o único barulho que se costuma ouvir, no momento, é o de máquinas fazendo o recapeamento do asfalto. No silêncio de uma das áreas mais nobres do Morumbi, está esquecida a luxuosa mansão que pertenceu ao então banqueiro Edmar Cid Ferreira, fundador do extinto Banco Santos. 


Não só perdeu o glamour do passado como parece assombrada. A pintura desgastada e o mato que pende da sacada contrastam com a fachada suntuosa, desenhada com muitas curvas por Ruy Ohtake e cujo preço já foi estimado em R$ 78 milhões.

É uma verdadeira ode ao concreto paulistano que atiça a curiosidade de quem passa por ali e não tem ideia da fervura que o endereço guarda. 

O imóvel é objeto de disputa entre duas teses, que estão no auge de debates: após a falência do banco, o comprador que arrematou a propriedade, em 2020, num leilão por quase R$ 28 milhões — um terço do que foi a avaliação mais alta — queria fazer dali uma escola de alto padrão, que foi rechaçada pela vizinhança, e teve que ajustar os planos. 

Hoje o empresário Janguiê Diniz pensa em um condomínio horizontal de luxo, o que revelou após polêmicas sobre o futuro que incluiria até a demolição da construção. Porém, nega que a tenha negociado com uma construtora. Por meio de nota para tentar desfazer os malfalados sobre suas pretensões, ele disse que nem vendeu o imóvel, nem tampouco o está demolindo.

Mas um outro empecilho surgiu no caminho — literalmente. A propriedade tem uma “minifloresta”, segundo a prefeitura, o que exige o cumprimento de regras específicas de manejo para uma eventual demolição.

Olhando de fora, um funcionário da prefeitura que trabalhava no asfalto, na semana passada, resumiu o que os moradores da capital sabem sobre a construção:

— Está abandonada.

Mas não é bem assim. Os muros altos e os portões fechados guardam um passado de fartura e preservam as imagens da rotina de limpeza e manutenção da relíquia urbana. Muito do que havia lá dentro foi leiloado, como um acervo com obras e mobiliário de artistas e arquitetos como Victor Brecheret, Antonio Poteiro e Niemeyer. 

Entre outras coisas, o dossiê de um dos leilões citava até duas esculturas maias de pedra vulcânica da América Central Pré-Colombiana. Era preciso, afinal, fazer dinheiro para cobrir o rombo do banco de R$ 3,4 bilhões que deixou prejuízos aos clientes.

A resistência da vizinhança à transformação do local, por receio do fluxo de pessoas e do barulho de veículos, tem sido um grande obstáculo às propostas até agora feitas. Procurada pela GLOBO, a associação de moradores não quis se pronunciar.

Gerador para uma cidade

Pelos relatos que se ouve de quem entra e sai da propriedade de cinco andares, sabe-se que os 12 mil metros quadrados abrigam duas piscinas onduladas, muitos banheiros em mármore (seriam mais de 30), um pé-direito de quase nove metros, heliponto, duas bibliotecas e uma adega para cinco mil garrafas. Outro detalhe curioso é dispor de um gerador de energia tão potente que poderia iluminar uma cidade de 20 mil habitantes.

— Recentemente, a casa foi alugada para uma filmagem — diz um dos dos curiosos que especulam sobre o destino do lugar.

De todo o gigantesco patrimônio de Cid Ferreira, o que ficou no centro do imbróglio foi justamente o que não teve valor de mercado para ser passado nos cobres: as 200 árvores do terreno. O desenho paisagístico é de Burle Marx.

Diniz revelou ainda, através do mesmo comunicado, que contratou um escritório de arquitetura para “estudar, nos termos da legislação vigente, a viabilidade da instalação de um condomínio horizontal de casas de alto padrão”, pois o local se deteriora há 15 anos.

A Secretaria municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) de São Paulo já indeferiu um pedido de intervenção no terreno por estar num “bairro-jardim”, qualificado como patrimônio ambiental por decreto. Já Diniz conclui dizendo que, após os estudos e a aprovação do município, “será dada ciência ao bairro e à sociedade” sobre o imóvel.

da redação FM  Alô Rondônia
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