Em artigo publicado nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que a Cúpula de Belém seja o marco de um compromisso real e multilateral pelo clima.
Foto: Ricardo Stuckert/Secom-PR
Começa hoje, na Amazônia brasileira, a Cúpula de Belém, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou líderes de todo o mundo para o encontro, realizado dias antes da COP, com o objetivo de reforçar o compromisso coletivo e urgente diante da crise climática.
“Se não atuarmos de maneira efetiva, para além dos discursos, nossas sociedades perderão a crença nas COPs, no multilateralismo e na política internacional”, alertou o presidente.
Lula enfatizou que a COP 30 deve ser a “COP da verdade”, momento de provar a seriedade do compromisso global com o planeta.
Brasil no centro das discussões climáticas
O presidente relembrou que o Brasil sediou, em 1992, a Cúpula da Terra, marco que estabeleceu convenções sobre Clima, Biodiversidade e Desertificação. Trinta e três anos depois, o país volta ao protagonismo com a realização da COP30 no coração da Amazônia, reforçando o papel estratégico da região.
“Queremos que o mundo veja a real situação das florestas e dos milhões de habitantes da Amazônia. As COPs não podem ser apenas uma feira de boas ideias, mas um momento de contato com a realidade e de ação efetiva”, escreveu Lula.
Responsabilidades e justiça climática
O texto destaca que o Sul Global deve ter acesso ampliado a recursos financeiros para o enfrentamento das mudanças climáticas. Segundo o presidente, não se trata de caridade, mas de justiça histórica.
“Os países ricos foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono. Precisam, portanto, estar à altura de suas responsabilidades.”
Lula anunciou também o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será apresentado em Belém. O fundo funcionará com base em investimentos, e não em doações, remunerando quem preservar florestas e quem investir no projeto. O Brasil contribuirá com US$ 1 bilhão na iniciativa.
Ações e compromissos
O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia em dois anos e apresentou sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), comprometendo-se a cortar entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa.
A transição energética é um dos pilares dessa meta. Lula destacou que 88% da eletricidade brasileira vem de fontes renováveis e que o país avança em biocombustíveis, energia eólica, solar e hidrogênio verde.
“As empresas petroleiras, como a Petrobras, com o tempo se transformarão em empresas de energia, porque é impossível seguir indefinidamente com um modelo baseado em combustíveis fósseis.”
Clima e combate à desigualdade
O presidente ressaltou que as pessoas devem estar no centro das decisões políticas sobre o clima. A transição justa e equitativa precisa priorizar os mais vulneráveis.
“Lançaremos em Belém uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima. O compromisso de lutar contra o aquecimento global deve estar diretamente relacionado ao combate à fome.”
Governança global e a COP da verdade
Por fim, Lula defendeu a reforma do sistema multilateral, propondo a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU, vinculado à Assembleia Geral, para garantir o cumprimento das metas assumidas pelos países.
“A época das cartas de boas intenções se esgotou. É chegada a hora dos planos de ação. Começamos hoje a COP da verdade.”
Por Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República - 50
da redação FM
