Acordo mediado pelos Estados Unidos prevê libertação de reféns e retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza |
Porto Velho, Rondônia – líder do Hamas, Khalil Al-Hayya, anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra com Israel, após a assinatura de um acordo de paz histórico mediado pelos Estados Unidos e por países árabes. Segundo o dirigente, o grupo recebeu garantias de um cessar-fogo permanente, encerrando dois anos de conflito na Faixa de Gaza.
A declaração ocorreu um dia depois de o presidente norte-americano Donald Trump confirmar que Israel e Hamas concordaram com a primeira fase de um plano de paz, que inclui libertação de reféns, redução da presença militar israelense e envio de ajuda humanitária ao território palestino.
Cessar-fogo e libertação de reféns
De acordo com o plano, todos os reféns ainda vivos devem ser libertados até a próxima segunda-feira (13). Em contrapartida, Israel deve liberar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.
O acordo também prevê a retirada parcial das tropas israelenses, a entrega de alimentos, água e medicamentos e o fim dos bombardeios sobre Gaza.
Israel afirma que o cessar-fogo entrará em vigor até 24 horas após a aprovação final do gabinete de segurança, marcada para esta quinta-feira.
Desafios e pontos sensíveis do acordo
Palestinos em acampamento improvisado na praia da cidade de Al-Zawayda, perto de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, em 9 de outubro de 2025 — Foto: Bashar Taleb/AFP |
Apesar do anúncio, a implementação do tratado enfrenta desafios.
Entre os pontos mais delicados está a devolução dos corpos de reféns mortos durante o conflito — condição imposta por Israel para validar o cessar-fogo.
Fontes da imprensa internacional informam que o Hamas ainda busca localizar alguns desses corpos, e uma força-tarefa internacional, com participação da Turquia, Egito, Catar, Estados Unidos e Israel, foi criada para ajudar nas buscas.
Outro impasse envolve a exigência israelense de que o Hamas abandone o controle político de Gaza e entregue suas armas.
Em resposta, uma autoridade do grupo afirmou que “nenhum palestino aceita o desarmamento”.
Reações internacionais e próximos passos
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu classificou o acordo como “um grande dia para Israel” e disse que o tratado representa “uma vitória moral e diplomática” do país. Já o Hamas agradeceu o apoio de Catar, Egito e Turquia, além do papel direto de Trump nas negociações, afirmando que os “sacrifícios do povo palestino não serão em vão”.
O plano proposto pela Casa Branca estabelece ainda que a Faixa de Gaza se torne uma zona livre de grupos armados, com anistia aos combatentes que entregarem suas armas. Durante um período de transição, o território será administrado por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, até que o controle seja transferido para a Autoridade Palestina.
Dois anos de conflito e um futuro incerto
Palestinos olham para fumaça ao longe de ataque de Israel na Faixa de Gaza em 5 de outubro de 2025. — Foto: REUTERS/Mahmoud Issa |
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas realizou um ataque contra Israel que deixou mais de 1,2 mil mortos e 251 pessoas sequestradas.
Desde então, os confrontos causaram a morte de mais de 60 mil palestinos, segundo dados de autoridades locais ligadas ao Hamas.
Apesar do cessar-fogo, especialistas alertam que a estabilidade na região dependerá da adesão total ao acordo e da reconstrução de Gaza, devastada por dois anos de ataques e bloqueios.
Donald Trump afirmou que o tratado “marca o primeiro passo para uma paz duradoura” e confirmou que viajará a Israel nos próximos dias para discursar no Parlamento.
Com informações de agências internacionais (Reuters, AFP, g1 e Al Jazeera)
da redação FM