Reconhecimento celebra a trajetória da escritora angolana e fortalece os laços culturais entre Brasil e Portugal
Porto Velho, Rondônia - A escritora angolana Ana Paula Tavares foi a grande vencedora do Prêmio Camões de 2025, a mais alta distinção literária concedida a autores de língua portuguesa. O resultado foi oficializado pela Portaria nº 138/2025, publicada nesta segunda-feira (20) no Diário Oficial da União, pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
O anúncio ocorreu no último dia 8 de outubro, em cerimônia realizada de forma remota, na cidade do Rio de Janeiro, reunindo representantes do Brasil e de Portugal. A decisão foi tomada por um júri composto por Arno Wehling, Maria Lucia Santaella Braga, Ana Mafalda Leite, José Carlos Seabra, Francisco Noa e Lopito Feijó, que destacou a relevância da obra de Tavares para a literatura africana contemporânea e para o fortalecimento da língua portuguesa como patrimônio cultural comum.
Uma voz essencial da literatura africana
Ana Paula Tavares é reconhecida internacionalmente por sua escrita poética, marcada pela valorização da memória, da ancestralidade africana e do papel das mulheres na sociedade. Nascida na província de Huíla, em Angola, a autora construiu uma obra sólida que transita entre a poesia, a crônica e o ensaio histórico, sempre com forte ligação à identidade cultural e à tradição oral africana.
Entre seus livros mais conhecidos estão Ritos de Passagem, Dizes-me coisas amargas como os frutos, Ex-votos e Manual para amantes desesperados. Sua literatura é estudada em universidades de vários países e traduzida para diferentes idiomas.
Prêmio Camões: símbolo da união lusófona
Criado em 1988, o Prêmio Camões é uma parceria entre os governos do Brasil e de Portugal e tem como objetivo reconhecer o conjunto da obra de autores que contribuíram significativamente para o enriquecimento do patrimônio literário da língua portuguesa.
De acordo com a portaria assinada pelo presidente da FBN, Marco Lucchesi, o Brasil será responsável pelo pagamento de € 50 mil (cinquenta mil euros) à vencedora — metade do valor total do prêmio, conforme o protocolo firmado entre os dois países.
Com esta premiação, Ana Paula Tavares se junta a uma lista de grandes nomes da literatura lusófona já laureados, como Pepetela, Mia Couto, Chico Buarque, Raduan Nassar, Paulina Chiziane e José Saramago.
Um reconhecimento que atravessa fronteiras
A conquista reafirma o papel da literatura como ponte entre culturas e nações que compartilham a língua portuguesa. Em nota, representantes da Fundação Biblioteca Nacional destacaram que o prêmio “reforça o compromisso do Brasil com a valorização da cultura e da produção literária dos países de língua portuguesa, reconhecendo em Ana Paula Tavares uma voz poética essencial para a história contemporânea da literatura africana”.
A redação
da redaçãoFM