Lula em Rondônia: quando a institucionalidade entra, o palanque sai — ou quase

Lula em Rondônia: quando a institucionalidade entra, o palanque sai — ou quase

 Em primeira visita a Rondônia no terceiro mandato, Lula anuncia obras e provoca Bolsonaro, enquanto Léo Moraes e Sérgio Gonçalves adotam tom pragmático; do lado de fora, confrontos entre bolsonaristas e petistas expõem clima de polarização As informações são do site Rondônia Dinâmica.




Porto Velho, RO – Lula desembarcou em Rondônia pela primeira vez neste terceiro mandato. Não é pouca coisa. Estamos falando de um dos estados mais bolsonaristas do país, território onde a votação no ex-presidente beira o voto de devoção. E, no entanto, o que se viu — pelo menos dentro do auditório — foi um raro momento de institucionalidade. As informações são do site Rondônia Dinâmica.


O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, e o vice-governador Sérgio Gonçalves sabiam onde estavam e para quem falavam. Não se trata de conversão política, mas de matemática elementar: quando um presidente chega com o cofre aberto para obras, barrar recursos em nome de ideologia é um luxo que Rondônia não pode pagar. Gonçalves, em tom sóbrio, listou prioridades como regularização fundiária, pavimentação da BR-319 e integração com Bolívia e Peru. Léo Moraes lembrou da importância do Hospital Universitário da UNIR e de investimentos em infraestrutura. Dois exemplos de que, ao menos por algumas horas, o jogo político pode ser substituído pelo jogo de resultados.


Nos momentos de descontração, tanto Léo Moraes quanto Sérgio Gonçalves evitaram rir ou aplaudir, pavimentando ainda mais a atmosfera de respeito institucional, mas apartada de alinhamento ideológico. A exceção foi o senador Confúcio Moura, único aliado da bancada federal, que ganhou de “presente” o microfone para discursar à vontade após o fim da fala do presidente.


Entre anúncios e assinaturas, Lula apresentou um pacote de investimentos que incluiu a ordem de serviço para a ponte binacional entre Guajará-Mirim e Guayaramerín, na Bolívia, com investimento de R$ 421 milhões pelo Novo PAC; a implantação do primeiro Hospital Universitário do estado; R$ 173,9 milhões para levar energia a 5.779 famílias pelo Luz para Todos; R$ 55,4 milhões do Fundo Amazônia para bioeconomia e agricultura familiar; e R$ 276,5 milhões para educação, contemplando um novo campus do IFRO em Buritis, novas escolas, creches, ônibus escolares e consolidação do IFRO e da UNIR. Também foram anunciados 152 títulos de propriedade e a criação de três novos assentamentos.
Mas Lula é Lula. Entre anúncio de obras e assinatura de contratos, encontrou espaço para exercitar seu lado provocador. Ironizou a ausência de realizações no governo anterior — “duvido que alguém aqui saiba de uma obra feita” — e zombou de Eduardo Bolsonaro, dizendo: “Tá lá na televisão… Ô Trump, Trump, por favor, Trump, salva meu pai”. A plateia reagiu como se espera de um comício, e não de uma cerimônia administrativa. Em outro momento, foi direto: “Enquanto eu estiver vivo, ele não volta a governar esse país”.


Do lado de fora, o espírito do comício era ainda mais visível — e violento. Um pequeno grupo de bolsonaristas tentou marcar território. Houve troca de ofensas com petistas, empurrões e até agressões físicas. Bandeiras foram agitadas, e até o exotismo calculado de uma bandeira de Israel apareceu para provocar os simpatizantes do presidente. É o Brasil da guerra cultural exportado para a porta de um evento que deveria tratar apenas de estradas, pontes e hospitais.


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No saldo final, o ato expôs dois estados de Rondônia. No palco, prefeitos e governantes cientes de que, diante de bilhões em investimentos, é preciso saber a hora de guardar a artilharia ideológica. Nas ruas, a reafirmação de uma polarização que insiste em transformar cada gesto em trincheira. Eis o desafio: manter o espírito das falas de Léo Moraes e Sérgio Gonçalves, que entenderam que a política serve para resolver problemas concretos, não para alimentar mitos. A visita de Lula mostrou que, quando a institucionalidade entra pela porta, a polarização não resiste. Ou, pelo menos, deveria não resistir — desde que, claro, o presidente também consiga resistir à tentação do deboche.


Falas dos principais personagens


Luiz Inácio Lula da Silva – Presidente da República: Alternou anúncios de investimentos com críticas ao governo anterior, dizendo “duvido que alguém aqui saiba de uma obra feita”, e ironizou Eduardo Bolsonaro. Defendeu a reconstrução institucional, citou energia gratuita para quem consome até 80 kWh e adiantou o Gás para Todos, reforçou o compromisso com o Hospital Universitário e investimentos em educação, afirmou que “enquanto eu estiver vivo, ele não volta a governar esse país”, criticou a postura dos EUA em relação ao Brasil, e destacou soberania nacional, combate à fome e redução das desigualdades como eixos do governo.


Sérgio Gonçalves – Vice-governador de Rondônia: Destacou que, em temas como o futuro de Rondônia, não há espaço para divisões ideológicas. Apresentou demandas como a regularização fundiária de mais de 50 mil propriedades, a melhoria da alfândega em Assis Brasil, a pavimentação da BR-319, integração econômica com Bolívia e Peru, e a importância da ferrovia bioceânica para impulsionar a economia regional.


Paulo Teixeira – Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: Classificou Rondônia como um “tigre” da agricultura familiar e anunciou a entrega de títulos de terra, financiamentos e veículos para a Emater, além de um decreto retirando cláusulas resolutivas para acelerar a titulação de propriedades. Aproveitou para criticar o governo anterior e associar Lula a políticas de proteção da família e combate à fome.


Alexandre Silveira – Ministro de Minas e Energia: Relembrou a criação do programa Luz para Todos no primeiro governo Lula e anunciou a expansão na região, com investimentos que incluem energia gratuita para famílias de baixa renda. Citou casos específicos, como comunidades que passaram a ter acesso à eletricidade, e anunciou o lançamento do programa Gás para Todos.


Renan Filho – Ministro dos Transportes: Formalizou a ordem de serviço para a construção da ponte binacional entre Guajará-Mirim (Brasil) e Guayaramerín (Bolívia), ressaltando que o investimento de R$ 420 milhões faz parte do PAC. Criticou a baixa aplicação de recursos na malha rodoviária no governo anterior e anunciou duplicações e ampliações na BR-364.


Simone Tebet – Ministra do Planejamento e Orçamento: Relatou bastidores políticos de sua aproximação com Lula e reafirmou compromisso com a redução das desigualdades regionais. Destacou a ponte binacional como parte das rotas de integração sul-americana e defendeu o multilateralismo, enfatizando parcerias com a China e países vizinhos.


Luis Arce – Presidente da Bolívia: Agradeceu ao Brasil pela construção da ponte binacional e destacou o projeto como símbolo de integração e fortalecimento do comércio bilateral. Reforçou a importância da obra para a navegação e o transporte terrestre, defendendo a eliminação de barreiras comerciais e a concretização da ferrovia bioceânica.


Confúcio Moura – Senador por Rondônia: Lembrou obras e investimentos federais em Rondônia nos governos petistas, como a construção do Teatro das Artes e 25 mil moradias. Criticou a hostilidade contra políticos de centro e esquerda no estado e afirmou ser o único parlamentar rondoniense a defender abertamente o governo Lula. As informações são do site Rondônia Dinâmica.


Por Redação | Rondônia Dinâmica As informações são do site Rondônia Dinâmica.


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