Bolsonaro nega tentativa de golpe, admite conversas sobre alternativas legais e pede desculpas ao STF

Bolsonaro nega tentativa de golpe, admite conversas sobre alternativas legais e pede desculpas ao STF

 


        Foto; Andressa Anholete/Getty Images

Porto Velho, Rondônia - O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. Durante a oitiva, Bolsonaro negou envolvimento em qualquer trama golpista, rechaçou a ideia de prisões de autoridades e admitiu ter discutido com militares alternativas “dentro da Constituição” para contestar o resultado eleitoral.

As declarações foram dadas no contexto da investigação que apura a existência de um “núcleo crucial” responsável por articulações antidemocráticas. Bolsonaro figura como um dos oito réus indicados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Discussões com militares e alternativas constitucionais

Ao ser questionado por Moraes sobre encontros com membros das Forças Armadas, Bolsonaro reconheceu que houve reuniões com comandantes militares para discutir possíveis soluções jurídicas e institucionais após a derrota nas urnas. As conversas, segundo ele, não resultaram em decisões concretas e teriam sido “descartadas” ainda nas primeiras reuniões.

“As conversas eram bastante informais, não era nada proposto, ‘vamos decidir’. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, afirmou.

O ex-presidente ainda argumentou que não havia condições políticas ou institucionais para viabilizar qualquer ruptura democrática.

“Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, declarou.

Negativa de apoio militar para ruptura

Sobre um eventual apoio do então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, Bolsonaro foi direto: “Em hipótese alguma Garnier colocou tropas à minha disposição”. Segundo ele, em um cenário de estado de sítio, “as medidas seriam outras”.

Em outro trecho do depoimento, Bolsonaro explicou que os diálogos com militares trataram de temas como protestos de caminhoneiros e aglomerações em frente a quartéis. Ele mencionou que se discutia o uso de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas sem ultrapassar os limites da legalidade:

“Jamais saindo das quatro linhas”, frisou.

Isolamento pós-eleitoral e encontros informais

O ex-presidente descreveu o período posterior à eleição como de “vazio” e afirmou que passou a manter contato informal com oficiais das Forças Armadas. Para ele, as visitas tinham caráter pessoal e buscavam preencher o isolamento vivido após a derrota.

“Conversei sim com militares, de forma isolada, para trocar informações sobre a conjuntura. Porque, ministro, quando você perde uma eleição, é um vazio que o senhor não imagina”, relatou.

Desculpas ao ministro Alexandre de Moraes

Durante o interrogatório, Bolsonaro foi confrontado por Moraes sobre declarações passadas em que insinuava que ministros do STF estariam envolvidos em esquemas de propina relacionados às eleições. Ao ser questionado sobre quais provas sustentavam essas afirmações, Bolsonaro recuou e pediu desculpas diretamente ao relator.

“Não tem indícios nenhum, senhor Ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando, teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três.”

A declaração foi feita em tom conciliador, na presença dos demais ministros da Primeira Turma do STF, durante a sexta sessão de depoimentos com os acusados de integrar a suposta articulação antidemocrática.

Desenvolvimento do processo

O julgamento segue em curso no STF e inclui outros depoimentos de investigados no que foi classificado como o “núcleo crucial” da tentativa de golpe. A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as informações colhidas e poderá apresentar novas denúncias ou arquivar a ação conforme os desdobramentos processuais.


da redação FM


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