Esquema, liderado pelo ex-deputado Tiziu Jidalias, “lavou” mais de R$ 190 milhões em extração mineral na terra Yanomami

Esquema, liderado pelo ex-deputado Tiziu Jidalias, “lavou” mais de R$ 190 milhões em extração mineral na terra Yanomami

 Pena do político poder chegar a 24 anos de prisão pelo envolvimento em quatro crimes junto com pessoas físicas, jurídicas e indígenas



Foragido há 1 ano e 5 meses, após ter prisão decretada pelo juiz federal Victor Oliveira de Queiroz, o ex-deputado Tiziu Jidalias está no centro de um poderoso esquema organizado de extração ilegal de minério na Terra Indígena Yanomami no estado de Roraima, responsável pela lavagem de R$ 190.258.237,37 no ano de 2021. Apurado pela Polícia Federal, esse montante é alvo de bloqueio contra a White Solder Metalúrgica e Mineração Ltda, sediada em São Paulo, e um dos principais envolvidos Nelcides de Almeida Mello, vulgo Gabiru, amigo e parceiro de negócios de Tiziu, que também teve seu patrimônio enumerado e bloqueado pela Justiça.

Como os demais atores dos crimes de extração de recursos minerais, usurpação de bens da União, lavagem de capitais e Organização Criminosa, Tiziu tinha seu papel definido na quadrilha. Ele foi flagrado mantendo diálogos com Gabiru e outros criminosos do bando falando sobre a dificuldade de levar R$ 100 mil para pagamentos diversos, e o uso de seus maquinários na extração, lavagem e beneficiamento da cassiterita, cuja produção era cuidadosamente manipulada por pessoas físicas e jurídicas, além de cooperativas de garimpeiros, para dar a aparência de legalidade e tornar o “dinheiro lavado” viável no mundo jurídico. Tiziu aparece em outra interceptação telefônica cobrando um dos comparsas, Valdeci Aparecido Cardoso, o Keke, cobrando o pagamento de R$ 4 mil para cada líder indígena Yanomami. 

Keke aparece em imagens dizendo ser “dono” de um morro onde dezenas de garimpeiros retiravam o minério para revenda a cooperativas e, por fim, a “lavanderia oficial”, a gigante White Solder. Antes do dinheiro retornar, os criminosos usavam pessoas físicas para fazer elevados depósitos. Um gerente do Banco Itaú, Geison Cardoso Carvalho, com salário registrado de R$ 5.347,40, movimentou em 77 dias duas quantias: R$ 879.159,00 e outro de R$ 1.819.959,00. O dinheiro era creditado e imediatamente era pago a membros da Organização Criminosa. Um ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima com vencimento de R$ 4 mil, recebeu mais de R$ 1 milhão em suas contas bancárias, também de origem suspeita do crime perpetrado pela quadrilha liderada por Tiziu Jidalias.

Foragido, mas operando em Roraima

Tiziu, visto em Ariquemes, desafia a Justiça e continua operando em Roraima. Sua pena pelos crimes de extração de recursos minerais; usurpação de bens da União; lavagem de capitais; e integrante de ORCRIM pode chegar a 24 anos de prisão. Em poder do Judiciário, após minuciosa investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, há provas robustas do seu envolvimento desde o uso de maquinário para extração de cassiterita até o engenhoso esquema de lavagem do dinheiro para garantir os lucros da quadrilha.

Esquema, liderado pelo ex-deputado Tiziu Jidalias, “lavou” mais de R$ 190 milhões em extração mineral na terra Yanomami

Tiziu foi deputado estadual por Rondônia, e hoje ostenta o título de Cidadão Honorário por Ariquemes, em moção aprovada pela Câmara de Vereadores. Ele chegou a ser candidato a vice-governador na chapa liderada por João Cahulla, mas acabou derrotado pelo ex-governador e atual senador Confúcio Moura. Tiziu sempre atuou no ramo privado, trabalhando com revenda de peças e motocicletas, mas depois da política, passou à vida de crime, explorando terra indígena e se associando a outros criminosos para auferir lucros.



da  redação

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