Eneva propõe fusão com Vibra, ex-BR Distribuidora, para criar gigante de energia

Eneva propõe fusão com Vibra, ex-BR Distribuidora, para criar gigante de energia

 

       Empresa de produção de gás natural e de geração de eletricidade, que se originou da MPX, de Eike Batista, e companhia formada após a privatização da rede de postos da Petrobras teriam, juntas, valor de mercado de quase R$ 50 bilhões


A Eneva, empresa de produção de gás natural e geração de eletricidade, propôs à Vibra, dona da rede de postos com a marca BR, da Petrobras, uma fusão dos negócios. A operação criaria uma gigante de energia, com valor de mercado de quase R$ 50 bilhões, a terceira maior companhia do setor, atrás apenas da Petrobras e da Eletrobras.


A proposta está em carta enviada pela Eneva ao Conselho de Administração da Vibra, divulgada ao mercado na noite de domingo. Também na noite de domingo, a Vibra comunicou ao mercado que recebeu a carta e que “analisará o conteúdo da proposta de forma detalhada, considerando sobretudo o interesse de seus acionistas e que suas operações seguirão seu curso normal durante o período de análise”.

Como a Vibra também atua na distribuição de combustível para empresas – indústrias que usam o insumo em seus processos produtivos –, a combinação dos negócios daria à Eneva um novo canal comercial para sua produção.

Origem foi empresa de Eike

A Eneva tem origem na MPX, empresa de geração de energia do antigo Império X, do empresário Eike Batista. A alemã E.ON teve participação no negócio, ainda em sociedade com o Eike, mas, atualmente, a companhia tem o capital pulverizado, ou seja, não tem um controlador. Os acionistas de referência são o banco BTG Pactual (22%); a Cambuhy (20%), gestora da família Moreira Salles; e as gestoras Dynamo (11%), Atmos e Partners Alpha, com cerca de 5% cada.

Em 2008, Eike explica parceria entre a então MPX, que daria origem à Eneva, e uma empresa chilena, para desenvolver projetos de geração de energia solar. Hoje, a Eneva tem capital pulverizado, com BTG Pactual e a família Moreira Salles entre os acionistas — Foto: Michel Filho/21-2-2008

As usinas da Eneva têm capacidade instalada de 5.500 megawatts (MW) – 40% da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A maior parte (4.600 MW) são térmicas a gás, responsáveis por 14% da geração de eletricidade com essa fonte no país, segundo a empresa. A Eneva também produz 9,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia – é a maior produtora, após a Petrobras, ainda conforme a companhia.

Por volta de 13h10, as ações ordinárias da Eneva (ENEV3, com direito a voto) caíam 1,84%, negociadas a R$ 12,83. Os ativos chegaram a operar em alta pela manhã, mas o movimento perdeu força. Já as ações ON da Vibra (VBBR3) cediam 5,17%, cotadas a R$ 21,08.

Vibra mudou de nome após saída da Petrobras

Já a Vibra ganhou esse nome após a privatização da BR Distribuidora. A Petrobras vendeu sua subsidiária de distribuição, responsável por operar a rede de postos de combustível – a maior do país –, em duas fases. Na primeira, reforçou a segregação do negócio numa empresa à parte e abriu seu o capital na Bolsa. Num segundo momento, se desfez completamente da participação remanescente que ficou detendo da companhia aberta.

Após a saída da Petrobras da composição acionária da empresa, ela também ficou com o capital pulverizado e mudou o nome. Hoje, há três acionistas de referência, com uma participação maior: a gestora Dynamo (10%); o fundo Samambaia (8,6%), do investidor e ex-deputado federal Ronaldo Cézar Coelho; e da americana BlackRock (5%), tida como a maior gestora de recursos do mundo.

Além de 8 mil postos de combustível com sua bandeira espalhados por todo o país, a empresa tem a rede de lojas de conveniência BR Mania e fornece combustíveis diversos a empresas. Também vende combustível de aviação e lubrificantes.

Fusão de iguais

Na carta, a Eneva propõe uma “fusão de iguais”, ou seja, os acionistas de cada companhia teriam a metade das ações da futura gigante de energia, se a operação se concretizar.

A companhia resultado da fusão seguiria com o capital pulverizado. Teria um Conselho de Administração formado por nove membros independentes. A Eneva sugere na carta, como nome para liderar o conselho, Sérgio Rial, ex-presidente do Santander, que renunciou ao cargo de presidente da Americanas após anunciar que descobriu a fraude contábil que levou a varejista à recuperação judicial.


Sergio Rial, ex-Santander e ex-Americanas, seria o presidente do Conselho de Admnistração da nova companhia, na proposta da Eneva — Foto: Silvia Costanti/Agência O Globo

Para a diretoria executiva, seria contratado um novo presidente para a companhia combinada. Seguiriam nos cargos os presidente da Eneva, Lino Cançado, agora como presidente da “vertical de Energia”, e da Vibra, Ernesto Pousada, como presidente da “vertical de Distribuição de Combustíveis”.

Maior na distribuição de combustíveis e na geração termoelétrica

A carta também desfia uma série de argumentos a favor da fusão. “A Combinação de Negócios deverá criar ganhos de escala e proporcionar grande criação de valor para a companhia na sua estrutura de capital, bem como a redução de seus spreads e alongamento dos prazos médios de captações de financiamentos a mercado”, diz o texto.

Entre os argumentos para defender a fusão estão o tamanho da nova empresa – “maior distribuidora de combustíveis do Brasil” e “maior plataforma de geração termoelétrica” –, a liquidez das ações – com negociação de R$ 300 milhões por dia na Bolsa –, a redução do “risco percebido” das companhias, e “otimização” da alocação de capital e a “geração de valor comercial”.

No último ponto, “a Eneva traz expertise de comercialização de gás e de energia elétrica, que pode ser combinada ao acesso a mais de 30 milhões de clientes finais da Vibra”, diz um trecho da carta. O texto lembra que entre os clientes finais da Vibra estão 18 mil empresas.

Conforme a Eneva, essa carteira de clientes teria potencial para consumir gás natural, seja da produção da empresa brasileira, seja da importação do GNL (gás liquefeito), pelo terminal que ela opera em Sergipe. A carta cita o potencial de “distribuição via rodoviária para clientes não atendidos pelos gasodutos de transporte e que utilizam óleo combustível em seus processos industriais”.


Fonte: O GLOBO


da redação FM Alô Rondônia
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