Levantamento aponta que questões culturais, discriminação, vulnerabilidade social e dificuldade de acesso a serviços de saúde contribuem para esse cenário
Por Cristiano Stefenoni
A juventude brasileira enfrenta um cenário alarmante de risco elevado para suicídio, com impacto ainda mais profundo entre povos indígenas. Segundo dados de um estudo da Fiocruz divulgados nesta quarta-feira (10), os jovens registram taxa de 31,2 casos por 100 mil habitantes, acima da média nacional. Entre homens jovens, o índice chega a 36,8.
Mas são com os jovens indígenas que o problema se agrava de forma dramática, alcançando 62,7 casos, com destaque para homens de 20 a 24 anos, que atingem a marca extrema de 107,9 casos por 100 mil habitantes. Ou seja, a taxa indígena é 100,9% maior (ou praticamente o dobro) do risco geral entre jovens. No caso dos homens indígenas, esse percentual sobre para 245,8%, um risco quase 3,5 vezes maior.
O levantamento aponta que questões culturais, discriminação, vulnerabilidade social e dificuldade de acesso a serviços de saúde contribuem para esse cenário. Segundo a pesquisadora da instituição, Luciane Ferrareto, questões culturais podem ser atribuídas aos altos índices entre os indígenas, além da demora por um atendimento no serviço de saúde. “Os indígenas hoje têm muito acesso à informação, mas ainda há muito preconceito contra eles na sociedade”, disse Luciane.
Pesquisadores alertam que, mesmo com maior acesso à informação, jovens indígenas continuam enfrentando barreiras significativas quando buscam acolhimento e cuidados especializados.
Também crescem as internações por saúde mental
O estudo também revela que homens jovens são maioria nas internações relacionadas à saúde mental, respondendo por 61,3% dos casos. A taxa de internação entre eles é 57% maior que a das mulheres, impulsionada sobretudo pelo abuso de múltiplas drogas, cocaína e álcool. A pressão por um ideal de masculinidade e dificuldades socioeconômicas agravam o quadro e dificultam a procura por ajuda.
Entre as mulheres jovens, a depressão é a principal causa de internação. O estudo destaca ainda a influência da violência física e sexual na adolescência, além da sobrecarga de cuidados familiares e das relações abusivas, fatores que elevam o risco de adoecimento mental e tornam esse grupo especialmente vulnerável.
Embora os jovens sejam um dos grupos que mais sofrem com transtornos mentais, são também os que menos procuram atendimento e os que menos encontram rede de apoio no sistema de saúde. Apenas 11,3% dos atendimentos nas unidades básicas são voltados à saúde mental, índice muito inferior ao da população geral. As taxas de internação entre jovens são mais altas do que as registradas entre adultos acima de 30 anos. Com informações da Agência Brasil
Onde buscar ajuda
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito e sigiloso 24 horas, pelo telefone 188, chat, e-mail e voip.
Serviços que podem ser procurados:
Centros de Atenção Psicossocial (Caps)
Unidades Básicas de Saúde (UBS)
UPA 24h, SAMU 192, pronto-socorro e hospitais
CVV – telefone 188
Comunhão
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