Café robusta amazônico impulsiona renda e preserva o meio ambiente em Rondônia

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Café robusta amazônico impulsiona renda e preserva o meio ambiente em Rondônia

 

      Desenvolvida pela Embrapa nos anos 1970, espécie garante alta produtividade, reduz uso da terra e captura carbono — tornando-se exemplo mundial de sustentabilidade e agricultura familiar


Porto Velho, Rondônia – Uma história de pesquisa, inovação e sustentabilidade vem transformando o campo em Rondônia. A Robusta Amazônica, espécie de café desenvolvida pela Embrapa e parceiros científicos nos anos 1970, tornou-se símbolo de uma agricultura moderna, rentável e ambientalmente responsável.

De acordo com levantamento recente da Embrapa, a cultura do robusta amazônico gera renda para mais de sete mil pequenos produtores familiares e contribui de forma decisiva para o equilíbrio ambiental da Amazônia, ao reduzir o desmatamento, capturar carbono e promover o uso eficiente da terra.

Café que dá lucro e protege o ambiente

O estudo mostra que Rondônia é referência nacional em produção sustentável de café, com um modelo baseado em pequenas propriedades — a maioria com menos de 30 hectares e lavouras médias de 3,4 hectares.
Atualmente, 90% da produção é familiar e 98,7% das áreas são irrigadas, o que garante alta produtividade e estabilidade de renda.

A produtividade média estadual alcança 68,5 sacas por hectare, bem acima da média nacional (50,4 sacas/ha).
O efeito “poupa-terra” chama atenção: em 22 anos, a área cultivada caiu 75%, enquanto a produção aumentou 550%.

“Uma saca de 60 kg tem custo médio de R$ 618,00 e é vendida por cerca de R$ 1.300,00, o que garante boa rentabilidade e qualidade de vida para o produtor”, explica Calixto Rosa Neto, analista da Embrapa Rondônia.

Esse desempenho, segundo a pesquisa, tem efeito direto na fixação de jovens no campo, refletido na redução da idade média dos cafeicultores, que caiu de 53 para 47 anos em 15 anos.

Inovação e tecnologia no campo

A robusta amazônica é resultado de cruzamentos genéticos entre robusta e conilon, adaptados às condições climáticas da Amazônia.
Hoje, o estado conta com mais de 200 colhedoras e sistemas de fertirrigação, podas programadas e manejo de solo de precisão, o que fortalece a competitividade e a sustentabilidade da cadeia produtiva.

O avanço tecnológico também chega pela conectividade: em 2017, apenas 9,2% das propriedades tinham internet; agora, 97,7% dos produtores estão conectados, usando a rede para comercialização e compra de insumos.

Café em harmonia com a floresta

O estudo “CarbCafé”, da Embrapa Territorial, confirma que os cafezais das Matas de Rondônia sequestram 2,3 vezes mais carbono do que emitem, provando que a produção de café na região ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Entre 2020 e 2023, sete dos 15 municípios produtores registraram desmatamento zero. Em toda a região, menos de 1% da área cultivada mostrou sinais de retirada florestal.

Mais da metade do território das Matas de Rondônia permanece coberta por florestas — 2,2 milhões de hectares preservados, sendo 56% em terras indígenas.

“O café da Amazônia é de alta qualidade e promove o desenvolvimento social, mantendo a floresta em pé”, afirma o pesquisador Enrique Alves, da Embrapa Rondônia.

Desafios e próximos passos

Entre os principais desafios apontados pela pesquisa estão a escassez de mão de obra durante o período de colheita e a necessidade de aprimorar o controle financeiro nas propriedades.
A mecanização parcial e o uso de novas tecnologias de colheita são caminhos para aumentar a eficiência e reduzir custos.

As mudanças climáticas também exigem atenção. A ampliação do período de estiagem tem aumentado o tempo de irrigação e o consumo de energia, demandando técnicas avançadas de uso racional da água.

Café com selo e identidade rondoniense

Desde 2021, os cafés produzidos nas Matas de Rondônia têm Indicação Geográfica (IG) reconhecida, valorizando a origem e a qualidade dos grãos cultivados na região.
O produto carrega o nome “Robusta Amazônico”, que já se destaca em competições nacionais e internacionais pela excelência e pelo valor socioambiental agregado.

“Esse café representa o equilíbrio entre renda, tecnologia e conservação. É o verdadeiro exemplo de que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo”, reforça Calixto Rosa Neto.

A assessoria de Comunicação Embrapa Rondônia

da redação FM

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