Cápsulas de bala em acampamento da Liga dos Camponeses Pobres — Foto: Reprodução Arquivo Pessoal
Porto Velho, Rondônia – Um homem morreu nesta sexta-feira (8) durante uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar de Rondônia contra a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), no município de Machadinho D’Oeste.
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Braguin, a ação teve como alvo o que seria o “quartel-general” de um grupo armado. Ele informou que armas e munições foram apreendidas e que suspeitos fugiram para a mata, estando ainda sob busca das equipes policiais.
A LCP é um movimento que defende a divisão de grandes propriedades rurais improdutivas entre famílias de baixa renda que vivem da agricultura.
Denúncias de abuso e intimidação
A Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABAP), que atua na defesa de camponeses, criticou a operação. Em nota, a entidade afirmou que a ação ocorreu sem ordem judicial e com o objetivo de “intimidar” famílias que vivem na área. Segundo a ABAP, o Bope teria realizado voos rasantes com helicópteros e efetuado disparos de arma de fogo, provocando medo e insegurança.
“Foi assassinado um camponês pela Polícia Militar, fato confirmado pelo próprio comandante do órgão”, diz o texto da associação.
A ABAP também pediu a retirada imediata das forças policiais do local, proteção às famílias, punição dos responsáveis e posicionamento público de autoridades, incluindo o presidente da República.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reforçou as críticas, mencionando que uma jovem grávida entrou em trabalho de parto e apresentou complicações após o início da operação. Para a CPT, a ação repete um histórico de violência no campo no estado, citando o massacre de Corumbiara, ocorrido há quase 30 anos.
Cercamento e continuidade da operação
Segundo informações divulgadas pela PM, o acampamento permanece cercado, e a operação segue em andamento. Não há, até o momento, atualização oficial sobre o número total de feridos ou mortos.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar para comentar as denúncias de abuso, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.