Colunista do Wall Street Journal diz que STF deu “golpe de Estado”

Colunista do Wall Street Journal diz que STF deu “golpe de Estado”

 Maria Anastasia O'Grady escreveu que tomada de poder no Brasil começou em 2019


Alexandre de Moraes Foto: Rosinei Coutinho/STF

A colunista Maria Anastasia O’Grady, do jornal inglês The Wall Street Journal, afirmou, em texto opinativo publicado no periódico, que o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro deu um “golpe de Estado” no Brasil. Para a integrante do conselho editorial do jornal, há “juízes embriagados de poder” e está nítido que “a política tomou conta da Corte”.

O’Grady iniciou sua análise afirmando que a “liberdade nas Américas enfrenta um grau de perigo nunca visto desde a Guerra Fria”. Ela introduziu seus argumentos apontando que ditadores do século 21 estão consolidando seu governo por meio da tomada de controle das instituições democráticas, e cita como exemplo o caso do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que segundo ela, adotou sua própria versão do chavismo e assassinou a democracia salvadorenha.

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Na sequência, Maria se concentra no tópico principal de seu artigo: o Brasil. Para ela, “não é tarde para resgatar” o país “de um retorno semelhante à ditadura”, que teria começado a ser instaurada gradualmente há seis anos.

– O problema em Brasília começou em 2019, quando o STF alegou ter sido vítima de calúnias e ameaças e invocou uma norma interna que lhe conferia o poder de instaurar “inquéritos” secretos sobre supostos crimes contra seus membros. Primeiro, instaurou o “inquérito das fake news”, assumindo-se como iniciador, investigador e juiz. Isso foi uma violação dos direitos constitucionais dos brasileiros, que têm o direito de ter seus processos criminais julgados em tribunais locais e estaduais, com acusações apresentadas por promotores locais e estaduais – descreveu, no texto intitulado Um golpe de Estado da Suprema Corte no Brasil.

Ela ainda citou que o ministro Alexandre de Moraes foi escolhido a dedo pelo até então presidente do tribunal, Dias Toffoli, e a partir daí passou a monitorar “as contas de pessoas politicamente incorretas nas redes sociais”, criminalizar suas opiniões e prendê-las preventivamente, enquanto o Senado se esquiva do seu dever de “disciplinar o tribunal”. O’Grady segue citando a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a instauração do inquérito das milícias digitais.

– A decisão do STF de março de 2021 de anular a condenação por corrupção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2017, que havia sido confirmada duas vezes em segunda instância, inflamou ainda mais a direita brasileira. Os deploráveis recorreram às redes sociais. O tribunal tentou silenciá-los, mas alguns formadores de opinião populares estavam fora do país e fora do alcance dos juízes. Assim, em julho de 2021, eles iniciaram um “inquérito da milícia digital”, visando empresas de tecnologia e suas plataformas. Isso os forçou a censurar conteúdo e desmonetizar brasileiros que tinham opiniões que o tribunal considerou inaceitáveis. O descumprimento significou que as empresas não podiam mais operar no Brasil – adicionou.

A colunista também discorreu sobre a atuação de Moraes frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), classificando-a como política e censuradora em prol do até então candidato Lula à Presidência. Ela menciona a insatisfação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a vitória do petista nas eleições de 2022 e as depredações ocorridas em 8 de janeiro de 2023 por parte dos manifestantes.

– O sr. da Silva tomou posse sem incidentes em 1º de janeiro de 2023. Mas uma semana depois, um grupo de bolsonaristas marchou em direção a prédios federais em Brasília. Algumas pessoas entraram, onde houve violência e vandalismo. O tribunal classificou a ação como uma tentativa de golpe. Mas a maioria dos envolvidos parecia ser formada por marginais de tênis vagando pelo local sem armas. Nenhum soldado saiu das instalações militares – assinalou, refutando que o episódio possa ser encarado como tentativa de golpe.

Maria O’Grady escreveu que, a partir daí, foram instaurados por Moraes novos inquéritos, prisões e punições severas, “em um país onde a violência da esquerda é recebida com compreensão”.

– O tribunal alegou conspiração e iniciou investigações com o objetivo de desvendar a desinformação disseminada por autores intelectuais e instigadores do motim de 8 de janeiro. Bolsonaro e seu círculo íntimo ainda enfrentam julgamentos por supostamente planejarem um golpe.

A colunista finalizou defendendo que, não importa o que o leitor pense sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a política já tomou conta da Suprema Corte brasileira.

– A direita no Senado brasileiro está tentando mobilizar os votos necessários para o impeachment do ministro de Moraes e restaurar a imparcialidade judicial. As elites estão começando a reclamar dos juízes embriagados de poder. Infelizmente, as tarifas de 50% do presidente Trump sobre as importações brasileiras impulsionaram o nacionalismo e o apoio ao sr. da Silva. Mas a decisão do Tesouro dos EUA no mês passado de impor sanções ao sr. de Moraes parece ter chamado a atenção dos outros membros da corte, que sem dúvida entendem que pode haver mais por vir se o Brasil não encontrar uma maneira de restaurar o Estado de Direito – finalizou.

Pleno News

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