Planeta Terra vai ter dia mais curto do ano neste feriado — Foto: Divulgação/ Anang Santoso/Pexels
Porto Velho, Rondônia - Nesta quarta-feira, 9 de julho de 2025, a Terra completará sua rotação em torno do próprio eixo de maneira mais acelerada do que o habitual, resultando no dia mais curto do ano. Segundo cientistas, o planeta levará 1,30 milissegundo a menos para concluir a rotação, reduzindo levemente a duração padrão de 86.400 segundos (equivalente às 24 horas diárias).
Embora imperceptível à maioria das pessoas — já que um piscar de olhos dura, em média, 300 milissegundos —, essa diferença representa um importante marcador para a comunidade científica. Isso porque variações na rotação terrestre são monitoradas com precisão extrema por meio de relógios atômicos desde a década de 1960, permitindo a observação de padrões, anomalias e seus possíveis efeitos a longo prazo.
Além do dia 9 de julho, outras datas de 2025 também devem registrar encurtamentos semelhantes. Estimativas apontam que os dias 22 de julho e 5 de agosto também terão pequenas reduções, de 1,38 e 1,51 milissegundos, respectivamente.
Uma Terra “com pressa”
Historicamente, o planeta vem desacelerando sua rotação desde sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Naquela época, um dia terrestre durava apenas cerca de cinco horas. Contudo, essa desaceleração não é constante, e episódios de aceleração temporária são considerados normais.
De acordo com Fernando Roig, diretor do Observatório Nacional, a aceleração atual não é motivo de preocupação. “Essas oscilações são naturais e estão relacionadas a uma série de fatores que incluem a movimentação do núcleo da Terra, a redistribuição de massas nos oceanos, mudanças atmosféricas e até mesmo terremotos de grande magnitude”, explica o especialista.
Em 2020, a Terra registrou os 28 dias mais curtos já observados desde o início da medição com relógios atômicos. O recorde mais recente foi em 29 de junho de 2022, com um dia 1,59 milissegundos mais curto que o padrão de 24 horas.
O que muda para a humanidade?
Apesar de parecer insignificante, a alteração no tempo de rotação do planeta pode ter efeitos cumulativos. Caso as acelerações se prolonguem ao longo dos anos, os sistemas de tempo utilizados globalmente — como o Tempo Universal Coordenado (UTC) — podem se descompassar em relação à rotação da Terra.
Para corrigir esse desajuste, desde 1973 os cientistas utilizam o chamado “segundo bissexto”. Este segundo pode ser adicionado (quando a Terra se atrasa) ou retirado (quando a Terra se adianta), mantendo a precisão dos relógios em sincronia com a rotação terrestre. Até o momento, já foram inseridos 27 segundos bissextos positivos, mas nunca um negativo. Contudo, se a tendência de encurtamento persistir, poderá ser necessário o ajuste inverso.
Precisão em milissegundos
Apesar da aparente complexidade, os especialistas garantem que essas mudanças não representam riscos à vida cotidiana. A precisão alcançada pela ciência na medição da rotação da Terra é tamanha que até milissegundos podem ser monitorados, reforçando o comprometimento da comunidade científica com a manutenção de padrões globais de tempo e navegação.
Em suma, a aceleração rotacional da Terra é um fenômeno natural, estudado com rigor, e que reforça a necessidade de acompanhamento contínuo das dinâmicas planetárias. Embora o dia 9 de julho de 2025 seja levemente mais curto, não há impacto significativo sobre o cotidiano humano, mas a ciência segue atenta às sutis transformações de nosso planeta.
da redação FM