Porto Velho, Rondônia - Representantes da Rússia e da Ucrânia se reunirão em Istambul na segunda-feira, 2 de junho, para um novo ciclo de negociações sobre a resolução do conflito que perdura desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Os dois lados devem apresentar suas perspectivas sobre como avançar em direção a um acordo, embora as expectativas para um desfecho pacífico ainda pareçam distantes.
A Rússia exige que o processo de negociação aborde o que Putin considera as “causas profundas” do conflito. Entre essas causas, destaca-se a busca da Ucrânia por adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), vista por Moscou como uma ameaça direta à sua segurança nacional.
Ademais, o governo russo reivindica a anexação de quatro regiões do sul e do leste ucraniano — Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijjia — além da península da Crimeia, que foi incorporada à Rússia em 2014.
O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, afirmou que a “reconhecimento internacional” dessas áreas como parte da Rússia é fundamental para qualquer solução negociada.
Putin tem justificado sua ofensiva com argumentos que incluem a “proteção” dos falantes de russo no leste ucraniano e a alegação de “desnazificação” do país, que segundo ele estaria sob influência de potências ocidentais hostis. A Rússia exige também o fim das entregas de armamentos ocidentais à Ucrânia.
No final de março, o ditador russo mencionou a possibilidade de uma “administração transitoria” na Ucrânia sob supervisão da ONU, o que implicaria na saída do atual presidente Volodymyr Zelensky.
Putin questiona a legitimidade de Zelensky, argumentando que seu mandato expira em maio de 2024, mesmo que as eleições sejam inviáveis devido ao estado atual da guerra.
Integridade territorial e segurança da Ucrânia
No lado ucraniano, as questões relacionadas a concessões territoriais são extremamente sensíveis. Desde 2014, o povo ucraniano tem feito grandes sacrifícios em termos humanos e materiais para manter a integridade territorial estabelecida após a dissolução da União Soviética.
Zelensky já mencionou possíveis trocas territoriais com Moscou, mas recentemente as forças ucranianas foram expulsas de áreas na região russa de Kursk.
Ainda assim, permanece incerta a disposição de Kiev para fazer concessões enquanto continua exigindo a retirada total das tropas russas.
A questão da Crimeia é particularmente delicada; Zelensky reafirma que não há condições para abrir mão da península.
Adicionalmente, o presidente ucraniano está solicitando “garantias de segurança” de seus aliados internacionais para evitar uma nova invasão russa após um eventual acordo de paz.
A adesão da Ucrânia à Otan é uma demanda central nesse sentido, embora tenha sido categoricamente rejeitada por Moscou e por Donald Trump.
Outra alternativa discutida por Kiev inclui a formação de um contingente militar ocidental na Europa que poderia ser enviado à Ucrânia com apoio da Otan em caso de paz; essa opção também foi prontamente negada pela Rússia.
Para facilitar o início das discussões diplomáticas, Kiev vem insistindo em um cessar-fogo “incondicional” de trinta dias antes das conversações. Entretanto, Putin tem consistentemente ignorado esses apelos, considerando que tal medida permitiria aos ucranianos se rearmarem com ajuda ocidental durante um período crítico nas frentes de batalha.
Além disso, há uma demanda por troca total de prisioneiros e pelo retorno das milhares de crianças ucranianas levadas para a Rússia.
Fonte: O Antagonista
da redação FM