Rotulado como um “forasteiro” em São Paulo na última campanha eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrentará o seu primeiro teste como cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024. Natural do Rio, o ex-ministro da Infraestrutura foi eleito em 2022 com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL) mesmo sem possuir base política no estado.
No pleito deste ano, o governador deve direcionar esforços para eleger prefeitos aliados em cidades estratégicas, incluindo a capital paulista, numa busca por se consolidar como uma nova liderança em um estado historicamente dominado pelo PSDB. A reeleição de Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, é a principal aposta de Tarcísio nas eleições de outubro.
Desde o ano passado, os dois fazem agendas conjuntas e trocam afagos, numa estratégia que ajudou a minar a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles (PL). Uma vitória da direita na capital é vista como prioridade pelo círculo próximo a Bolsonaro para evitar que o presidente Lula, que apoia Guilherme Boulos (PSOL), ganhe novamente a eleição na maior cidade do país.
Pesquisa Datafolha divulgada no mês passado mostrou que 17% dos entrevistados votariam com certeza em um candidato apoiado por Tarcísio em São Paulo, enquanto outros 35% possivelmente escolheriam um aliado do governador. Por outro lado, ter Tarcísio no palanque afasta 44% dos eleitores, rejeição como padrinho menor que a de Bolsonaro (63%).
— Se Nunes vencer, Tarcísio se fortalece. Se Boulos ganhar, fica enfraquecido, pois terá um prefeito da oposição na cidade onde está a sede do governo — resume Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo.
Para o pesquisador, a eleição pode fortalecer Tarcísio independentemente do projeto que venha a abraçar em 2026:
— É um teste para Tarcísio, que deixa de ser apenas um apadrinhado pelo Bolsonaro para agora ter seus próprios apadrinhados. Também é um teste de força para Gilberto Kassab (secretário de Governo e presidente do PSD). O kassabismo e o bolsonarismo disputam espaço no governo Tarcísio, e o resultado da eleição vai redimensionar a força de cada grupo.
Mapa eleitoral
A disputa já é vista na pré-campanha. Em Santos, o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), articula a filiação à legenda do ex-prefeito da cidade e deputado federal Paulo Barbosa (PSDB), visando uma composição com o prefeito Rogério Santos, do Republicanos, partido do governador. A expectativa era que Tarcísio apoiasse a chapa, mas há um impasse, já que Bolsonaro declarou apoio à deputada federal Rosana Valle (PL).
No ano passado, Bolsonaro afirmou que ele e Tarcísio vão apoiar o mesmo nome em Santos e Guarulhos, mas o governador tem evitado se posicionar. Em Guarulhos, a situação está mais azeitada. Tarcísio declarou apoio ao deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos), que é seu líder na Assembleia de São Paulo (Alesp). Embora o movimento tenha causado mal-estar com o PL, que anunciou a pré-candidatura do vereador Lucas Sanches, Tarcísio garante que Bolsonaro apoia Wilson.
Aliados de Tarcísio dizem que haverá esforços nas cidades do ABC paulista, onde Lula e o PT tentarão reconquistar espaço. São Sebastião, onde Tarcísio articulou a filiação do vice-prefeito, Reinaldo Alves Moreira, também caminha para uma eleição com a digital do governador. Há expectativa ainda de que o governador seja cabo eleitoral dos prefeitos de Campinas, Dário Saadi, e Sorocaba, Rodrigo Manga, ambos da sua sigla.
Fonte: O GLOBO
da redação FM Alô rondônia