Exclusivo: Marcel van Hattem denuncia “regime tirânico” promovido pelo STF

Exclusivo: Marcel van Hattem denuncia “regime tirânico” promovido pelo STF

 Deputado concedeu entrevista ao Pleno.News e evidenciou o delicado momento do Brasil





Marcos Melo - 19/03/2024 16h20 | atualizado em 19/03/2024 17h43

Pleno.News entrevistou o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), nesta segunda-feira (17). Na oportunidade, o parlamentar visitou nossa sede na Zona Norte do Rio de Janeiro e conversou com o repórter Marcos Melo sobre o delicado cenário político brasileiro, citando reiteradas arbitrariedades por parte do Poder Judiciário, que ameaça o Estado Democrático de Direito.

Recentemente, o deputado compôs uma comitiva de parlamentares e jornalistas que foi ao Capitólio, em Washington D.C., nos Estados Unidos, denunciar ao mundo os cerceamentos de liberdades no Brasil e o risco iminente de nossa democracia ruir.

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Em nossa conversa, Marcel van Hattem enalteceu a seriedade do trabalho jornalístico desempenhado pelo Pleno.News:

– Parabéns pelo trabalho que vocês vêm fazendo tão importante pela democracia, pela liberdade de expressão, nós estamos precisando realmente de mais vozes na nossa imprensa e comunicação brasileira.

O congressista denunciou a gravidade do momento que acomete o Brasil e afirmou que o país já está submerso em um “estado de exceção”.

– Estamos com a democracia cada vez mais fragilizada no Brasil e, na minha opinião, o estado de exceção já está implementado; porque democracia de verdade exige que haja regras claras, Estado de Direito e Constituição funcionando, não é o caso do Brasil atual.

Sobre a importância da Operação Lava Jato, que completou dez anos no último domingo (17), o parlamentar declarou:

– Nós precisamos celebrar os dez anos da Lava Jato, precisamos lembrar o que ela significou para a história do Brasil e a corrupção que revelou. Foram bilhões de reais enviados, dinheiro vivo, inclusive encontrado em contas; teve dinheiro até em apartamento, a gente viu tanta coisa com os próprios olhos que agora estão tentando fazer desaparecer como se não passe de mágica, essa corrupção todo pudesse não mais existir.

Quando questionado sobre as transgressões processuais praticadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em dissonância à Constituição, nas quais um ministro da Suprema Corte seria, em um mesmo processo, vítima, Ministério Público, investigador e juiz, Hattem foi incisivo:

– Isso é inquisição, isso não existe, isso em um Estado de Direito, não existe. Isso é coisa de ditadura, onde a mesma pessoa ou mesmo órgão é responsável por todas as etapas do processo judicial, é onde se caracteriza um regime tirânico. E, lamentavelmente, é isso que o STF hoje promove no Brasil, um regime tirânico.

Marcel van Hattem concede entrevista ao Pleno.News Foto: Pleno News

*Você pode ouvir a entrevista em podcast no Pleno.News, no Spotify, na Deezer, no Google Podcasts e no Apple Podcasts.

Leia a entrevista na íntegra:

O Pleno.News entrevista ele que é jornalista, cientista político e deputado federal pelo Partido Novo, reeleito pelo Rio Grande do Sul com aproximadamente 257 mil votos. Corajoso, ousado e contundente, seus discursos na Câmara Federal e suas opiniões firmes lhe conferem grande popularidade no seio do eleitorado de direita. Isso tudo aos 38 anos. Muito obrigado por essa entrevista, Marcel van Hattem.
Agradeço muito pela oportunidade de estar aqui contigo, Marcos Melo, com todos os que acompanham o Pleno.News; aliás, parabéns pelo trabalho que vocês vêm fazendo tão importante pela democracia, pela liberdade de expressão, nós estamos precisando realmente de mais vozes na nossa imprensa e comunicação brasileira.

Eu quero agradecer a sua solicitude de estar aqui com a gente. Na última semana, o senhor compôs uma comitiva nos Estados Unidos com outros parlamentares, jornalistas e, naquela ocasião, o senhor falou em uma ditadura em desenvolvimento no Brasil. O senhor pode explicar para os nossos leitores o que está acontecendo, qual é o cenário do Brasil nesse momento?
Sem dúvida. Venho denunciando isso desde 2019, senão o primeiro, fui um dos primeiros parlamentares a subir a tribuna para denunciar a criação do inquérito das fake news, que nada mais era do que uma inquisição promovida pelo Supremo Tribunal Federal e, desde então, as coisas só se agravaram.

Um inquérito que continua aberto cinco anos depois, que é secreto, os autos, os advogados não conseguem ter a eles acesso. Há uma série de ilegalidades e inconstitucionalidades sendo cometidas e os desdobramentos desse inquérito inicial em vários outros inquéritos tem demonstrado apenas que a intenção principal é de perseguir opositores à Lula e ao projeto do consórcio Lula/Moraes ou PT/STF e também abafar todos os escândalos de corrupção que aconteceram no Brasil e que foram muito bem revelados pela Operação Lava Jato até que chegasse ao próprio Supremo Tribunal Federal.

Quando os escândalos de corrupção atingiram um membro do Supremo Tribunal Federal, supostamente Dias Toffoli, citado em delação premiada, teria recebido propina. Quando chega esta informação à mídia, a mídia divulga, começa justamente essa reação violenta do Supremo Tribunal Federal por meio da criação deste inquérito, e agora o que nós vemos, cinco anos depois, é que estamos com a democracia cada vez mais fragilizada no Brasil. E, na minha opinião, o estado de exceção já está implementado, porque democracia de verdade exige que haja regras claras, Estado de Direito e Constituição funcionando, não é o caso do Brasil atual.

E para que o público entenda, se a gente fosse colocar numa porcentagem, qual é a porcentagem de democracia que ainda há no Brasil e o perigo que há do Brasil se tornar uma Bolívia, uma Venezuela, um Equador?
Essa é uma ótima pergunta. Na verdade, vários institutos qualificam as democracias e as democracias [se] classificam de acordo com os graus de liberdade civis e liberdade políticas existentes. Freedom House, por exemplo, ainda não chegou ao ponto de classificar o Brasil claramente como um país parcialmente livre ou não livre.

Há três categorias, países livres, países parcialmente livres e países não livres. Ainda está na Freedom House o nosso país classificado como um país livre. Mas eu entendo que a classificação da Freedom House acaba tendo uma série de impactos que são sentidos no curto prazo na sua qualificação que não serão os mesmos no médio e no longo prazo.

Na minha interpretação, nós já estamos no país parcialmente livre. O que tem acabado por prejudicar essa avaliação é que uma parte importante da mídia brasileira está dando suporte a esse regime e a mídia brasileira é tida como uma mídia livre, uma mídia independente. Até pouco tempo atrás, realmente, a mídia brasileira, em particular os maiores grupos, agiu de uma forma mais ou menos independente.

O que aconteceu nestes últimos anos foi um consórcio, como eu disse, entre o PT ou o STF também, uma parte relevante da grande mídia e que está maquiando esse processo.

Então, um percentual certo é difícil de dizer; mas eu diria que nós precisamos recuperar aquilo que nós perdemos. Então, se nós estamos ainda com 50% de democracia, temos eleições livres, temos uma parte da mídia independente, temos pessoas corajosas e que enfrentam essa situação ainda mesmo que correndo risco de cadeia sem serem presas, sem terem seus bens bloqueados porque conseguem navegar nesses mares revoltos, enquanto ainda temos essa situação, nós temos condições de retomar a integralidade da nossa democracia a outros locais em que isso já não é mais possível.

Hong Kong, por exemplo, que sucumbiu agora à ditadura chinesa, lamentavelmente, me parece ser hoje um caso perdido, nós não podemos ir por esse mesmo caminho.

E na esteira disso que a gente está conversando aqui, a Operação Lava Jato agora no último domingo, 17 de março, completou dez anos. Qual é a importância da Lava Jato na história recente do nosso país?
A Operação Lava Jato, Marcos, foi fundamental. Ela, na verdade, foi que deu combustível para as pessoas que foram às ruas naquele processo democrático e pacífico dos anos de 2014, 2015, 2016 e que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma.

Claro que houve uma série de fatores, não apenas isso, a incompetência do governo, a péssima administração da economia, nós tivemos a maior recessão da história do Brasil; pouca gente hoje faz referência a isso, nós tivemos uma conjuntura de fatores que levaram a queda de um governo também absolutamente impopular e que não tinha diálogo com a Câmara dos Deputados nem com o Senado da República.

E isso fez parte da história do Brasil e os dez anos da Operação Lava Jato precisam ser celebrados. Mais do que isso, nós estamos vendo um revisionismo histórico agora do PT, que foi o grande líder como uma organização criminosa, que é dos processos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato. O PT está tentando colocar agora a culpa que tem nesse processo de corrupção sobre quem, na verdade, [o] revelou.

É uma absurda perseguição que estamos vendo acontecer contra aqueles que foram os líderes desta operação, seja o Moro, Deltan Dallagnol, inclusive hoje, está conosco no Partido Novo, e esse último caçado de uma forma completamente ilegal e inconstitucional depois de ter sido absolvido nas instâncias inferiores no TSE, num julgamento de pouco mais de um minuto. Realmente, um julgamento de exceção, foi cassado, e o deputado federal mais votado do Paraná perdeu sua cadeira.

Então, nós precisamos celebrar os dez anos da Lava Jato, precisamos lembrar o que ela significou para a história do Brasil e a corrupção que revelou. Foram bilhões de reais enviados, dinheiro vivo, inclusive encontrado, em contas. Teve dinheiro até em apartamento. A gente viu tanta coisa com os próprios olhos que agora estão tentando fazer desaparecer como se num passe de mágica, essa corrupção toda pudesse não mais existir.

Verdade, e com todo o trabalho que teve a Operação Lava Jato, e com tanta verba repatriada, com tudo isso, Lula está em liberdade e presidindo o Brasil. Qual é o sentimento que te traz nesse momento quando você lembra isso?
Revolta total. Na verdade, Lula jamais poderia ter sido solto, um país sério, você condenar na primeira instância, já vai preso. Se tiver algo que justifique a cadeia e a segunda instância, instância revisora, que pode chegar a te tirar, mas não te manter livre até na segunda instância.

No Brasil, nós já tínhamos esse retrocesso, hoje nós temos uma situação que não é conhecida em lugar nenhum no mundo, se tiver bons advogados, o corrupto, o criminoso, pode ficar livre até o julgamento no STF, depois de passado por todas as instâncias, sem que cumpra um dia, portanto, da sua pena. Isso é um absurdo! Então, nós vemos um ex-presidente da República que liderou todo o processo de corrupção, que foi líder de uma máfia que assaltou os cofres públicos e que agora persegue inclusive quem diz isso, respaldado pelas decisões judiciais – e eu aqui estou respaldado por elas, não pela imunidade parlamentar, então somente que tenho -, mas pelas decisões que foram proferidas pelo Judiciário brasileiro que foram lá apenas uma questão técnica na última instância, Lula nunca foi absolvido.

E quem diz hoje que Lula é ladrão, exemplo deputado Gilvan da Federal, pode responder inquérito. Isso é um absurdo! Isso é um absurdo total ainda mais tratando de parlamentares, como é o nosso caso.

Como é que o senhor vê a atuação do Supremo Tribunal Federal, do colegiado, olhando como instituição, como um todo, qual é a sua análise?
Infelizmente, virou um órgão político, político e autointeressado, em primeiro lugar. Ou seja, que se protege corporativamente e que em virtude da circunstância também está protegendo o Poder Executivo.

Às vezes, você viu desde que Lula assumiu, pedidos do Alexandre de Moraes ou de qualquer ministro para que desse explicações em 48 horas sobre determinado assunto. Nenhuma! Enquanto com Jair Bolsonaro, no mandato anterior, era todo o tempo, 24 horas, 48 horas para se explicar e assim por diante. Então, a gente vê desde o processo eleitoral, inclusive, que há um interesse da atual composição do Supremo Tribunal Federal, da sua unanimidade, infelizmente, de proteger esse governo. Por que eu digo unanimidade? Porque, lamentavelmente, nós tivemos também duas indicações de ministro do Supremo Tribunal Federal do governo passado e esses dois ministros até o momento não têm se pronunciado contra os abusos de autoridade do STF, em particular o ministro Alexandre de Moraes.

Eu faço questão de dizer que se Kassio Nunes, André Mendonça ou qualquer um dos outros oito ministros fosse à mídia, da forma como Alexandre de Moraes vai, para dizer o contrário do que ele diz ou pelo menos dizer que o que ele está fazendo é abusivo, é inconstitucional, ele certamente não teria toda essa liberdade que está hoje tendo para fazer o que faz. Então, está faltando a atitude dos outros ministros do Supremo e, infelizmente, aquilo que nós vimos durante a Prússia, que era o moleiro que encarou o então monarca dizendo: “Ainda há juízes em Berlim, você não vai construir sobre o meu terreno”. No Brasil, neste momento, eu diria: “Espero que mude em breve”; [mas] não há mais ministros do Supremo Tribunal Federal. Há apenas 11 políticos sentados ali e defendendo todos eles, os demais dez, as atitudes de Alexandre de Moraes por ação ou por omissão.

É o que a gente vê até na opinião pública, recentemente, é que se questiona: como é que um ministro, como é que um magistrado pode ser vítima, pode ser Ministério Público, pode ser investigador, pode ser juiz, tudo? Isso aí, à luz do direito não é viável.
Não, isso é inquisição, isso não existe, isso, em um Estado de Direito, não existe; isso é coisa de ditadura, onde a mesma pessoa ou mesmo órgão é responsável por todas as etapas do processo judicial, é onde se caracteriza um regime tirânico. E, lamentavelmente, é isso que o STF hoje promove no Brasil, um regime tirânico.

Recentemente, nos Estados Unidos, agora, o senhor esteve com o jornalista Paulo Figueiredo e também com a juíza Ludmila Lins Grillo, eles tiveram seus direitos cerceados no Brasil. Como é que foi esse encontro?
São exemplos assim práticos, vivos, do que está acontecendo no Brasil. São pessoas honradas, são pessoas que exerciam suas profissões no Brasil dentro do que prevê a Constituição, dentro do que preveem as leis. Ela, Ludmila, como juíza, ele, Paulo, como jornalista, e em virtude da perseguição sofrida pelos órgãos judiciais, pelo Supremo Tribunal Federal, hoje vivem nos Estados Unidos. Uma asilada, solicitou asilo político quatro dias após revelar a solicitação de asilada política nos Estados Unidos, ministro Alexandre de Moraes cancelou a sua aposentadoria, que foi a punição que recebeu pelo delito de ter uma opinião divergente do Supremo, foi ter aposentadoria compulsória. Hoje, portanto, quatro dias após seu anúncio, teve cancelado, teve bloqueada sua conta. Ela não tem mais acesso ao dinheiro que recebia licitamente aqui da sua aposentadoria no Brasil. E Paulo Figueiredo, que já morava nos Estados Unidos, aliás, já vive lá há nove anos, teve seu passaporte brasileiro cancelado e, portanto, não pode mais sair dos Estados Unidos com o passaporte brasileiro e entrar no nosso país, na verdade, no país dele.

É um absurdo! Inclusive, é neto de um ex-presidente da República, então é algo que é inominável e a participação de ambos na nossa delegação foi fundamental para demonstrar ainda melhor para os representantes do governo americano, principalmente, na verdade, da Câmara dos Deputados, que nós visitamos e outras instituições que o Brasil tem, factualmente, pessoas hoje perseguidas e asiladas e exiladas no exterior.

O senhor tem posicionamentos muito enfáticos, claros, contundentes, isso incomoda a muitas pessoas. O senhor não tem medo de, em algum momento, ter que deixar o Brasil?
A gente não sabe o que pode acontecer daqui para frente; então, eu tenho realmente receio de que não é a mim, mas a toda oposição aconteça a perseguição política que já acontece a alguns. Por isso eu tenho dito para todos que me perguntam, essa não é uma perseguição aos bolsonaristas, né?

É bom que se fale isso.
É ótimo que se fale, importantíssimo! Ela [a perseguição] vai se estender, ela já está se estendendo, ela pega a pessoa, inclusive a gente viu um morador de rua que foi absolvido agora do 8 de janeiro, passou 11 meses na cadeia por ter ido, por curiosidade, ver o que estava acontecendo na Praça dos Três Poderes. Como é que uma pessoa dessa passa 11 meses na cadeia, todos sabiam, os advogados, os demais presos, todos sabiam a situação dele, aliás, eleitor do Lula, passou 11 meses preso esse morador de rua, pelo Supremo Tribunal Federal. E, agora, depois de solto nos últimos dois meses em liberdade, sai a decisão de que ele não foi culpado de nada e está absolvido. Isso é um absurdo!

E na situação dele há muitos outros que também devem ser absolvidos se for aplicada a lei e a Constituição; [se] não for aplicada a lei e a constituição do Alexandre de Moraes, porque na verdade o que ele acabou criando foi o crime de bolsonarismo.

Se tivesse o morador de rua nessa mesma condição, mas fosse eleitor do bolsonarismo, fosse bolsonarista, que é a forma pejorativa como chamam todos que estão à direita, que não aceitam o Lula presidente, pelos crimes que cometeu e pela forma como age, se fosse bolsonarista, tenho certeza que não estaria absolvido.

O senhor tem medo de ser preso?
A gente não sabe o que pode acontecer. Eu, sinceramente, se eu ficar com medo de ser preso, eu paro talvez de trabalhar; eu preciso trabalhar também com essa hipótese, sem dúvida nenhuma. Hoje qualquer um de nós… você pode ser preso, qualquer coisa que você diga que, eventualmente, não agrade um ministro, ele acha que é um ataque à democracia, o que é um verdadeiro absurdo, pode levá-lo eventualmente a cadeia.

Eu já estou ameaçado de uma multa de R$ 20 mil por dia por qualquer post que eu fizer nas minhas redes sociais que o ministro entender que seja um ataque à justiça eleitoral ou ao Estado Democrático de Direito. Assim está na decisão, e não paro de falar aquilo que eu penso. É lamentável que a gente chegue nessa situação.

Mas eu costumo dizer que o medo pode te dar dois caminhos: o primeiro é da paralisia, que infelizmente acometeu uma grande parada da população que ficou realmente paralisada depois da tragédia do 8 de janeiro e da dificuldade de remobilizar todo mundo pra ir pras ruas, e a série de decepções que aconteceram desde a forma da condução do processo eleitoral até a posse de Lula, até a depredação em si, que foi horrível, e a forma como o Supremo tem agido agora. Agora, não é apenas a paralisia e uma consequência do medo, ele também pode dar coragem de enfrentá-lo e superá-lo, e isso precisa estar cada vez mais no coração do brasileiro porque nós precisamos voltar às ruas, como aconteceu no dia 25 de fevereiro na [Avenida] Paulista, mais e mais vezes para que os ditadores percebam que na verdade quem é soberano mesmo é o povo.

E o que representa tudo isso que o senhor denunciou aqui, agora, com a gente, ser colocado para o mundo em frente ao Capitólio, nos Estados Unidos? Qual é o significado, a simbologia que isso traz?
Olha, pra mim, em particular, foi um momento de muita emoção, porque eu estudei em Georgetown, que é na cidade de Washington, universidade, 15 anos atrás, e como estudante a época que eu olhava para a América Latina, e o Lula inclusive em 2009 era o presidente. Eu olhava para a América Latina, a América do Sul em particular, e eu via, né, Venezuela, com Hugo Chávez, Equador, Bolívia e todos os países sucumbindo ao populismo, no Brasil ainda instituições fortes, não permitindo que o PT avançasse como gostaria.

Depois dos anos 2010, a gente viu a Operação Lava Jato limpar grande parte da corrupção brasileira e mandar o PT, inclusive, para trás das grades pela representação do seu líder máximo Lula e o impeachment da ex-presidente Dilma.

No entanto, por isso fiquei emocionado agora como deputado federal, chegar lá diante do Capitólio e denunciar ao mundo o que está acontecendo no Brasil. O que eu não imaginava em 2009 ser possível; acaba fazendo com que eu também reflita sobre como a gente pode perder a liberdade fácil. Como a democracia em uma questão de poucos anos pode ser destruída, principalmente por aqueles que defendem ou dizem defender a democracia. A Coreia do Norte se chama a República Democrática Popular da Coreia do Norte e assim por diante, os maiores embustes hoje no mundo chamam-se democráticos.

Nós precisamos continuar trabalhando e essa ida a Washington que foi fundamental, porque um grupo de parlamentares expressivo, apesar das circunstâncias, esteve lá para denunciar para outros parlamentares que já começaram a se movimentar para a gente fazer reuniões em comissões e levar mais longe esse assunto, não só nos Estados Unidos como em outros países do mundo.

O presidente Lula tem relacionamento estreito com o ditadores da Bolívia, Venezuela, Nicarágua. Qual é o real risco ao Brasil dessas alianças?
Sem contar o Hamas, né? O Hamas. Ele, inclusive, vai todos os anos com uma comitiva para a Faixa de Gaza, né? Agora acho que não vão ter coragem, mas vão lá para colher azeitonas.

Ele foi parabenizado pelo grupo terrorista Hamas, né?
O presidente Lula. Exatamente. E agora também foi parabenizado pela posse e depois foi parabenizado pela fala absurda que fez comparando a reação legítima de Israel contra os terroristas do Hamas ao Holocausto na Alemanha do Hitler, um absurdo, né?

Voltando a questão do MST, o MST vai para lá todos os anos colher azeitonas. Você acredita nisso? Eu não acredito. Eles vão lá, obviamente, para obter treinamento, para estreitar laço como organização terrorista. Por quê? Porque o MST também é uma organização terrorista. Isso ficou muito claro com a CPI do MST. Então essas alianças do Lula com outros países ditatoriais tirânicos só demonstram a verdadeira vocação do PT, que é uma vocação totalitária, uma vocação tirânica, e nós não podemos admitir que nosso país seja governado por esse tipo de gente.

Agora, em dia 25 de fevereiro, nós tivemos na Avenida Paulista, em São Paulo, no coração de São Paulo, uma mega manifestação em defesa do Estado Democrático de Direito. 750 mil pessoas aproximadamente estiveram ali.
185 mil ouvidos.

É, de acordo com a…
Com a USP, não é isso?

Com a USP, sim.
Mas mesmo aí, se você comparar com quanto eles disseram que foi na do Lula, que eles falaram que foi 60 mil, já dá para ver que foi no mínimo três vezes mais, mas o número aí você não dá para confiar, não.

E qual é a importância do brasileiro, num momento como esse, não se calar, se manifestar, ir para as ruas e tomar posse da sua cidadania?
A gente viu que isso aí mexeu com a esquerda, mexeu com o próprio Lula. No início, não tinha nem o que dizer, porque ele sabe que a popularidade do Bolsonaro é muito grande e que a revolta das pessoas contra o seu governo e os abusos da autoridade do STF ainda juntam outras pessoas que não são tão fãs do Bolsonaro, mas que ainda assim foram às ruas. Foi um momento ápice dessa nova história brasileira que nós estamos construindo, porque nós tivemos ali de uma só vez a rejeição ao Lula e ao STF aglutinando muitas pessoas nas ruas, que algumas, inclusive, talvez sequer votaram no Bolsonaro, cometeram na minha visão um erro de anular o voto, de votar em branco ou de se abster nas eleições. Agora nós estamos vendo esse retorno, porque estão vendo o erro que cometeram, o tamanho do problema que geraram com a eleição do Lula, e nós vimos também que Bolsonaro tem uma capacidade enorme de mobilização que não pode ser desperdiçada. E isso precisa ser melhor aproveitado e nós precisamos voltar às ruas mais vezes, porque só com o povo nas ruas, ditaduras caem.

O presidente Lula prometeu a picanha e até o deputado federal Nikolas Ferreira brinca com isso, ele disse, prometeu picanha mas está oferecendo abóbora. E o alimento subiu mais do que o dobro da inflação. Pra onde o país está caminhando?
Nós estamos caminhando pro mesmo rumo que Venezuela, Argentina caminharam. Lamentavelmente, o que nós vemos no país em que não há liberdade econômica, em que gastos públicos exorbitantes, estamos fechando um ano com quase R$ 240 bilhões. Aliás, fechamos o [ano] passado de déficit. De algum lugar tem que vir dinheiro pra pagar essa conta. Vai vir dos nossos impostos? Vai vir de endividamento pro futuro, pras nossas próximas gerações pagarem? O governo vai ter que, infelizmente, “tungar” o cidadão, porque não está querendo reduzir despesa, cortar gastos e isso significa mais miséria pro povo brasileiro, significa lamentavelmente seguir nesse caminho dos países menos desenvolvidos hoje na nossa região. Aliás, pior do que menos desenvolvidos, atrasados, retrógrados e dominados pelo narcotráfico e pela insegurança pública.

Nós estamos vendo, estamos hoje gravando aqui no Rio de Janeiro, também a situação calamitosa que nós vivemos nas grandes capitais brasileiras; é triste não poder sair na rua sem ter medo, ter que dar uma caminhada na praia e deixar o celular em casa pra garantir que não vá acontecer nada. Isso tudo é consequência dessa delinquência governamental que nós estamos vendo hoje no Brasil e que precisa realmente ser revertida.

Agora as eleições municipais são um bom primeiro passo, 2024 está, aí candidatos a vereador e a prefeito estão se colocando à disposição também pelo partido Novo, que é o meu partido, e outros partidos como o PL que é da oposição, mas também não só, e a gente vê várias pessoas disputando com essa vontade de mostrar que são oposição a esse desgoverno do PT. E para 2026 vamos ter que estar muito bem organizados principalmente para vencer as eleições para Senado. Nós precisamos passar os 41 senadores hoje necessários para fazer um impeachment do ministro do Supremo. Hoje nós temos em torno de 30 na oposição. A hora que nós passarmos, e precisa ser em 2026 esse número, nós vamos começar realmente a mudar de verdade o Brasil de novo.

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