SAÚDE
Distrito Federal é a região com a maior incidência no país, seguido por Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Goiás
Brasil registra quase 1,3 milhão de casos de dengue
DIVULGAÇÃO/FIOCRUZ - ARQUIVO
O Brasil registrou 329 mortes por dengue nesta quarta-feira (6), 30 a mais que no dia de ontem. Outros 767 continuam sob investigação. Já são 1.289.897 casos prováveis em todo o país, e a taxa de incidência é de 635,2 casos por 100 mil habitantes. O Distrito Federal é a região com a maior incidência no país, seguido por Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Goiás. A faixa etária mais acometida é a de 30 a 39 anos, seguida por aqueles que têm entre 40 a 49 e 50 a 59. Mulheres são as mais infectadas pela dengue (55,5%).
No sábado (2), durante a mobilização do Dia D contra a dengue, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que o governo federal vai dar início à vacinação infantil contra várias doenças nas escolas de todo o país, entre elas a dengue, na segunda quinzena deste mês.
Com o aumento de casos em todo o país, a situação da dengue volta a preocupar os brasileiros. Atualmente, as informações verdadeiras sobre o que realmente atrai ou afasta o Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, acabam se perdendo em meio a mitos duvidosos que intrigam a população. Por isso, o Fala Brasil conversou com um especialista que revelou tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Confira!
Há cerca de dois anos, a comerciante Alyne Rodrigues foi picada pelo mosquito e contaminada com a dengue. Porém, ela ainda recorda bem os sintomas sofridos. Segundo Alyne, as dores físicas a impediam de comer e até mesmo de levantar da cama, por causa disso, precisou ficar mais de uma semana afastada do trabalho. Com o retorno do surto da doença, um sentimento se manifesta na comerciante: 'Tenho muito medo'.
Devido à experiência traumática, Alyne passou a tomar uma série de cuidados para evitar novas picadas do mosquito. Como, por exemplo, usar roupas que cubram boa parte do corpo, sempre retocar o repelente e instalar telas nas janelas para evitar que o inseto entre. Além disso, o cuidado com a água parada em vasos de plantas foi um hábito desenvolvido pela comerciante
No entanto, será que todas essas medidas são realmente necessárias? O que, de fato, ajuda a evitar a dengue? A equipe da RECORD foi para as ruas e conversou com o público para esclarecer todas as dúvidas sobre o que atrai ou afasta o Aedes aegypti. Para esclarecer todos os mitos e verdades, o infectologista Renato Kfouri respondeu às perguntas
O gerente Evandro Maciel compartilhou uma dúvida muito comum entre a população: 'A gente escuta falar que a roupa preta atrai'. Segundo o especialista, isso é um mito. Na verdade, as roupas claras permitem uma maior identificação do mosquito, enquanto nas roupas escuras, fica mais difícil de ver o inseto quando ele pousa. Quanto à cor da roupa, o médico afirmou: 'Não traz nenhum benefício em termos de proteção'.
Já Claudionor do Carmo, faxineiro, questionou a eficácia de produtos como a Citronela, planta que age como um repelente natural. Renato explicou que os insetífugo caseiros, feitos com óleos ou plantas, até podem funcionar a curto prazo, porém, não se conhece a duração da proteção oferecida e ainda podem causar, eventualmente, alergias. Então, ele aconselhou: 'É melhor usar os produtos registrados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]'.
Quanto à teoria da atração do mosquito por líquidos na pele como sudorese e perfumes, o infectologista revela: 'Não há nenhuma evidência que o suor aumente ou afaste'. Mas, quando se trata das fragrâncias, a história é diferente. 'O cheiro pode ser atrativo', explicou o especialista.
Uma telespectadora levantou a questão do sangue mais ou menos favorável ao inseto transmissor. Então, o médico garantiu: 'Isso é um mito'. Além disso, complementou: 'Não há nenhum tipo sanguíneo que seja atrativo para o mosquito'. O especialista disse ainda que não existem grupos de pessoas mais ou menos propensos à serem picados e infectados
Mas, ainda fica a dúvida: quando alguém já está com dengue, deve continuar a passar repelente? É comum pensar que sim, para não ser atingido novamente. O que poucos sabem, na verdade, é que o principal motivo para usar a proteção nesses casos é evitar a transmissão para outras pessoas
Outra indagação diz respeito ao consumo de vitaminas e minerais para se proteger da dengue. O médico, então, afirmou: 'Não há nenhuma forma de medicamento que previne a doença'. Ele explicou que não existem evidências de que remédios sejam capazes de evitar a picada do mosquito, nem mesmo os indicados para vermes
Então, dentre todos os cuidados que se podem tomar para evitar a doença, um deles continua imbatível: não deixar água parada. 'Todos nós devemos vistoriar nosso telhado, quintais e caixas d'água procurando focos de dengue', disparou o infectologista.
O médio elencou, no final, as três principais formas de prevenção: 'Evitar os criadores do mosquito [como lugares com água parada], [fazer uso de] repelentes e se vacinar'. Assim, a dengue, doença transmitida pelo inseto, ficará cada vez mais distante da população.
Acompanhe dicas como essas no Fala Brasil. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 8h40, e aos sábados, a partir das 7h35, na RECORD.
O governo federal prepara uma ação para que crianças e adolescentes sejam imunizados nos colégios em que estudam. "Estamos organizando uma ação pelo programa ‘Saúde nas Escolas’, que é uma ação conjunta do Ministério da Saúde com o Ministério da Educação e um programa muito apoiado pelo presidente Lula. A vacinação vai ocorrer, prevista para a segunda quinzena de março. De todas as vacinas."
O coordenador de vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, afirma que as mortes causadas por dengue acontecem por causa de erros e poderiam ser evitadas. Segundo ele, a dengue é uma doença muito bem conhecida, que circula no Brasil há 40 anos e, portanto, "já tem certa intimidade". Afirmação foi feita durante coletiva de imprensa para divulgação dos últimos dados da doença pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (5).
Venâncio pontua os três erros que podem levar à morte em casos de dengue:
1º - o doente/família subestima a capacidade da doença e não busca atendimento em tempo hábil de cura;
2º - o doente/família conhece o potencial da doença e busca atendimento, mas não consegue acesso ao tratamento/desiste de ser atendido por desorganização da unidade;
3º - o doente/família conhece o potencial da doença e busca atendimento, mas a gravidade do quadro clínico não é percebida pelos agentes ou não se expressou clinicamente ainda.
Sobre o primeiro caso, ele conta que algumas pessoas ignoram os riscos da dengue por conhecerem outras pessoas que tiveram e o caso não evoluiu. "Quando vão [buscar atendimento], muitas vezes não é possível o atendimento pra recuperar, pra salvar a vida dessa pessoa", relata.
Venâncio afirma que algumas pessoas chegam a ficar horas aguardando, mas acabam desistindo e voltando para casa. "É um segundo tipo de equívo, a não organização da rede em tempo hábil com a recepção, com um acolhimento necessário para que não seja necessário ficar esperando quatro, cinco horas como a gente viu em diversas localidades", explica.
O coordenador afirma que o terceiro caso é, infelizmente, o mais frequente. "Em coisa de horas, o doente pode piorar e entrar em uma situação crítica. Então, ou essa situação não estava estabelecida, ou ela já existia e não foi identificada", pontua.
Segundo ele, nesses casos, a pessoa pode ser até liberada para casa, mas retorna dias depois e, caso não seja atendida, volta outro dia. "É raro encontrar uma pessoa que morreu de dengue e foi atendida uma única vez, infelizmente"
Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
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