Porto Velho, RO - No terceiro dia do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR), no Pará Centro de Convenções do Hangar, em Belém, um rosto conhecido e uma voz marcante surpreenderam os participantes do evento: Fafá de Belém. A cantora, uma das maiores representantes da música popular brasileira, estava presente para apoiar o projeto de sua cinebiografia, que está na fase de captação de recursos.
Acompanhada por Maíra Carvalho, produtora do projeto, Fafá participou de rodadas de negócios, buscando apoio da gigante do entretenimento, Warner Media. Maíra, recentemente produtora do filme "O Homem Cordial", explicou que a cinebiografia está na fase de pré-roteiro e ficará na trajetória de Fafá desde o início de sua carreira até seu papel fundamental nas "Diretas Já" em 1984, quando se tornou um ícone na redemocratização do Brasil.
Em uma pausa antes de um almoço agendado, Fafá de Belém concedeu uma entrevista à comitiva de jornalistas presentes no evento. Com seu sorriso contagiante e paixão palpável, a cantora abordou diversos temas, desde sua carreira até questões sociais e ambientais.
Cinebiografia: Um Retrato de Resiliência
Concebido inicialmente como um documentário, o projeto da cinebiografia de Fafá de Belém se transformou em um filme inspirado em sua vida. Maíra Carvalho acredita que a história de Fafá ressoa com pessoas de todas as regiões do Brasil, destacando a xenofobia como um desafio enfrentado por muitos. Fafá participou como seu mentor, Roberto Santana, a convenceu a seguir a carreira de cantora, uma decisão que moldou sua vida.
A produção abordará as dificuldades enfrentadas por um jovem que veio do Norte em um ambiente que, apesar das diferenças geográficas, compartilha desafios comuns. Fafá destaca a importância de contar histórias que transcendem regiões e enfatiza que o assédio e o abuso são questões universais que precisam ser enfrentadas.
A Voz da Amazônia na COP 2025
Fafá de Belém, sempre engajada nas questões socioambientais, destacou a importância do evento MICBR e da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP), que ocorrerá em Belém em 2025. Ela expressou a expectativa de que o mundo olhe verdadeiramente para a região amazônica e ouça as soluções propostas pelo povo local.
“A solução veio por eles, por essa gente que maneja essa região ancestralmente, com reflexo muito forte na capital”, enfatizou a cantora. Ela ressaltou a necessidade de conformidade e ouvir os ribeirinhos, os meninos da floresta, como detentores de conhecimentos valiosos sobre a região.
A Amazônia: Mais do que uma Moda
Fafá expressou sua preocupação em relação à popularidade recente da Amazônia, destacando a importância de evitar a banalização da região e respeitar sua diversidade cultural. Ela enfatizou a ausência de representação amazônica em eventos globais sobre a preservação da Amazônia, apontando para a necessidade de incluir pensadores, artistas e intelectuais amazônicos nessas discussões.
Mulheres Paraenses: Leveza e Respeito
Ao abordar questões relacionadas às mulheres paraenses, Fafá de Belém destacou a importância de respeitar a diversidade e reforçar práticas específicas. Ela enfatizou que a leveza é um componente fundamental da vida e destacam figuras como Dona Onete, Dira Paes, e outras mulheres que desafiam padrões e são selecionadas significativamente para a cultura brasileira.
Desafios no Mercado Musical e Projetos Futuros
Fafá de Belém também descobriu suas visões sobre o mercado musical atual, apontando para a democratização através da internet, mas criticando a falta de transparência nas plataformas digitais. Ela destacou a importância do respeito aos direitos conexos e a valorização de toda a equipe envolvida na produção musical.
Quanto aos projetos futuros, Fafá revelou um projeto de samba-canção que pretende realizar e inclui detalhes sobre seu próximo show, "A Filha do Brasil", que estreia em Porto Alegre em 25 de novembro. Além disso, ela será homenageada no samba-enredo do Império da Casa Verde em São Paulo, destacando a riqueza da cultura paraense.
Fafá de Belém encerrou a entrevista com uma mensagem poderosa: "Nós precisamos de dinheiro, nós precisamos de recursos, nós precisamos de holofote, mas antes de tudo precisamos de respeito." Uma reflexão que ecoa não apenas em sua carreira, mas também nas lutas diárias enfrentadas pelo povo amazônico.
Fonte: Agência Brasil
da redação FM Alô Rondônia