O homem de 40 anos ficou paraplégico depois de sofrer um acidente de bicicleta há 12 anos
Gert-Jan Oskam/Facebook | Reprodução
O pensamento voa — mas antes faz andar. É o que comprova Gert-Jan Oskam, um holandês paraplégico de 40 anos que, graças a implantes cerebrais eletrônicos, pôde voltar a caminhar. O holandês havia perdido o movimento das pernas em decorrência de um acidente de bicicleta há 12 anos, ele afirma que a tecnologia médica mudou a sua vida.
Os dispositivos eletrônicos transmitem as sinais elétricos (os “pensamentos”) de Gert-Jan para as suas pernas e pés por meio de um segundo implante em sua coluna vertebral. Segundo declarações dos cientistas à BBC, apesar de estar em estágio experimental, os testes foram considerados “bastante promissores”.
Ele pode ficar de pé e subir escadas
Refletindo sobre os resultados do procedimento médico, Gert-Jan disse: “Foi uma longa jornada, mas agora posso me levantar e tomar uma cerveja com meu amigo. É um prazer de que muitas pessoas não têm ideia”. A tecnologia que possibilitou ao homem paraplégico voltar a andar foi desenvolvida por pesquisadores suíços, o artigo sobre o estudo foi publicado no periódico científico Nature.
Jocelyn Bloch, neurocirurgiã e professora da Universidade de Lausanne (Suíça), responsável pela realização da cirurgia de inserção dos implantes em Gert-Jan, disse, no entanto, que o sistema ainda está em estágio de testes. A cientista afirmou também que faltam muitos anos até o sistema estar disponível para os pacientes portadores de paralisia. “O importante para nós não é apenas realizar um experimento científico, mas eventualmente dar mais acesso a mais pessoas com lesões na medula espinhal que estão acostumadas a ouvir dos médicos que precisam se acostumar com o fato de que nunca mais terão movimentos”.
Os procedimentos cirúrgicos para restaurar os movimentos das pernas de Gert-Jan foram realizados em julho de 2021. A cirurgia consistiu na abertura de dois orifícios circulares com 5 centímetros de diâmetro em cada lado do crânio do paciente; as aberturas foram feitas acima das regiões do cérebro envolvidas no processamento do movimento. Na sequência, dois implantes em forma de disco foram inseridos a fim de transmitir os sinais cerebrais (os “pensamentos”) de Gert-Jan para sensores presos a um capacete em sua cabeça.
“Vê-lo andar tão naturalmente é muito comovente. É uma mudança de paradigma em relação ao que existia antes”, disse o professor Grégoire Courtine, da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), o responsável por comandar o projeto.
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