'Dois negros em uma moto não podem ser definidos como bandidos', diz primo de judoca baleado em abordagem policial na Bahia

'Dois negros em uma moto não podem ser definidos como bandidos', diz primo de judoca baleado em abordagem policial na Bahia

 

          Segundo a corporação, o piloto da moto teria desobedecido à ordem de parada e efetuado disparos contra a guarnição; lutador nega que estivesse armado


Porto Velho, RO - Familiares e amigos do lutador de judô Keven Luan dos Santos Souza acreditam que policiais tenham "confundido" o jovem negro com um criminoso durante abordagem em Jequié, na Bahia. Ele estava na garupa de uma motocicleta quando policiais militares iniciaram uma perseguição pelas ruas da cidade. Segundo a corporação, o piloto da moto teria desobedecido à ordem de parada e atirado contra a guarnição. Keven foi atingido nas costas, e está internado no Hospital Geral Prado Valadares.

Os dois, no entanto, negam que estivessem armados. Primo do judoca, o também lutador baiano Diego Santos, membro da Seleção Brasileira de Judô, diz considerar a ação um “atentado”. Segundo ele, a ação policial foi preconceituosa, e os agentes estavam despreparados. Em publicação no Instagram, o campeão brasileiro comentou o incidente.

“Ainda sem conseguir entender o atentado contra o meu primo e um outro jovem. Posso sim chamar de atentando pelo fato ocorrido e visto pela população e imagens registradas. Ação de abordagem completamente arbitrária, despreparada e preconceituosa, preconceituosa sim, dois jovens negros em uma moto não podem ser definidos como bandidos”, escreveu.

De acordo com a polícia, os agentes realizavam uma ronda no momento da ocorrência. A corporação alega que, ao avistar a viatura, o piloto da moto onde Keven estava teria arrancado, em fuga, e feito disparos contra a guarnição, que teria revidado e, assim, atingido Keven com tiros nas costas. Ele foi socorrido para o Hospital Geral Prado Valadares, onde recebeu atendimento. Seu estado de saúde é considerado estável.

Segundo Arlon dos Santos, representante do Projeto Social Judô Ação, integrado por Keven, o rapaz chegou a levantar os braços para mostrar que não estava armado.

— Covardemente, levou 3 tiros pelas costas, com os braços levantados. Ele não chegou a óbito. Foi socorrido após três tiros e passou por uma cirurgia delicada. Ele já consegue falar com as pessoas — explica Arlon.

Judoca negro é baleado em abordagem policial, na Bahia; defesa denuncia conduta arbitrária — Foto: Reprodução

Atleta do projeto coordenado por Arlon, Keven faz parte da Seleção baiana de Judô e também é monitor em uma escola estadual. Além disso, participou de diversos campeonatos na Bahia e em outros estados.

Judoca negro é baleado em abordagem policial, na Bahia; defesa denuncia conduta arbitrária — Foto: Reprodução

Nas redes sociais, a deputada estadual Olívia Santana manifestou apoio a Keven. “Meu repúdio a mais um ataque arbitrário por forças policiais que dispararam três tiros contra o jovem atleta, obviamente PADRÃO negro (...) Eu conheço Keven e toda sua família (...) A velha e recorrente tese da troca de tiros não vai colar”, escreveu.

A Polícia Militar também diz que um revólver calibre 32 foi apreendido após a ação. No entanto, segundo o advogado Miguel Bomfim, que defende Keven, o jovem e o piloto da motocicleta negam “categoricamente” que estivessem armados.

— Chama atenção que a polícia fez o registro dizendo que houve troca de tiros e que um tiro teria atingido a viatura, só que foi apresentada uma arma com quatro munições deflagradas e apenas um tiro disparado contra a polícia teria atingido a viatura — diz o advogado.

O caso foi registrado na 1ª Delegacia Territorial de Jequié. Segundo a Polícia Civil, guias periciais foram expedidas e oitivas serão realizadas.


Fonte: O GLOBO

da redação FM Alô Rondônia
Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem
Aos leitores, ler com atenção! Este site acompanha casos Policiais. Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda - se ao leitor critério ao analisar as reportagens.